Fim da linha

Caçada e morte de dois assassinos de delegado


Policiais do Paraná e de Santa Catarina fecharam, na manhã de ontem, o cerco contra os três bandidos cariocas envolvidos na morte do delegado de Pontal do Paraná, José Antônio Zuba de Oliva, 47 anos, e do funcionário público Adilson da Silva, 42, na manhã de terça-feira.

Depois de duas trocas de tiros com a polícia, do roubo de uma viatura e de um Astra e ainda de fazer uma idosa refém, próximo a Joinville (SC), dois bandidos morreram e a refém foi hospitalizada. Outro marginal se embrenhou no mato e, até a noite de ontem, era caçado pela polícia com auxílio de cães farejadores.

Um integrante da quadrilha havia sido preso logo depois do crime, no balneário de Olho D’água. Desde então, policiais civis, militares e rodoviários do Paraná e de Santa Catarina montaram barreiras nos dois estados.

No início da manhã, policiais rodoviários estaduais receberam a denúncia que havia três suspeitos, esperando o ônibus para Joinville num ponto da PR-412, próximo ao Posto Policial Rodoviário de Coroados, em Guaratuba.

Apesar de todo o alerta, um policial sozinho foi averiguar a informação e, ao descer da viatura, foi recebido a tiros. O soldado conseguiu se esconder atrás de uma árvore e, no revide, acertou de raspão um dos bandidos. O trio, fortemente armado, entrou na viatura e fugiu em direção a Garuva (SC).

Correria

A partir do roubo da viatura, teve início a perseguição envolvendo 180 policiais dos dois Estados, entre eles militares, civis, rodoviários, sendo 60 do Paraná. A reportagem do Paraná Online acompanhou a correria de viaturas – muitas delas descaracterizadas – com sirenes e giroflex ligados, movimentando a BR-376 e sua continuação, a BR-101. Todos iam para o estado vizinho dar apoio aos policiais catarinenses na caçada aos bandidos.

Depois de muitos quilômetros, os marginais abandonaram a viatura Doblò, na Estrada do Oeste, com acesso no quilômetro 25 da BR-101, em Pirabeiraba. Eles invadiram uma casa, onde fizeram reféns Cordola Graper Piske, 62 anos e a mãe dela, de 89 anos, que foi liberada perto de um rio.

O marido de Cordola conseguiu fugir pelos fundos. A mulher foi obrigada a acompanhar os marginais no Astra de sua família, porém, eles não foram muito longe.

Perseguição pelo matagal

Janaina Monteiro

Assim que fugiram com a refém, segundo informações da Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp), um helicóptero da Polícia Militar catarinense localizou o carro, e atiradores de elite abriram fogo contra os bandidos, que bateram o Astra numa árvore. Logo, o veículo foi cercado por viaturas da Polícia Militar e ficou crivado de balas.

De acordo com o delegado Hamilton da Paz, titular do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), os bandidos dispararam rajadas de metralhadora contra o helicóptero Águia, da PM catarinense.

A hélice foi atingida e o helicóptero não pode continuar o trabalho. No fogo cruzado, Cordola foi atingida por três tiros – no braço, perna e barriga – e encaminhada em estado grave ao Hospital São José, em Joinville.

No rio

Os marginais correram em direção ao matagal e dois deles foram baleados. Felipe “Tex” morreu no descampado, com três tiros e a perna quebrada. Paulo Aparecido Alves de Abreu, o “Gaúcho” ou “Gauchinho”, 42, natural do Paraná, correu em direção ao um rio e morreu com um tiro de fuzil. O outro bandido, identificado como Paulo “Tutancamon”, que tinha sido ferido pelo policial rodoviário, conseguiu fugir pelo mato.

Até a noite de ontem ele era procurado por policiais e cães farejadores do Canil, da Companhia de Choque. Segundo a polícia, ele está armado com uma metralhadora. Outras duas, aeronaves, da PRF e da Polícia Civil do Paraná, faziam buscas na região.

Há informações que ele teria seguido o curso do rio. Policiais do Cope, Tigre (Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial), Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) e Denarc (Divisão Estadual de Narcóticos) estão envolvidos na operação.

Armas de grosso calibre são recolhidas pelos policiais


Janaina Monteiro

Felipe “Tex” e Paulo “Gaúcho” morreram no tiroteio. Paulo “Tutancamon” está ferido e ainda é procurado.

Com um dos bandidos mortos, a polícia encontrou uma mochila com um revólver calibre 44, dois carregadores de calibres 9 milímetros e 40, dinheiro, joias, uma balança de precisão, balaclava, alicates, fitas adesivas, lanterna e roupas, entre elas a camisa amarela da Seleção Brasileira, usada no dia em que mataram o delegado Zuba.

O outro, portava uma pistola calibre 40, que travou durante o tiroteio. O tenente Marcelo Venera, da PM catarinense, confirmou que as características físicas dos mortos são compatíveis com os retratos falados divulgados no dia anterior.

Pistola

O delegado Hamilton afirmou que pistola apreendida pertencia a uma das investigadoras que participou da abordagem aos marginais no camping, em Pontal do Paraná.

“O interesse era pegá-los com vida, para que pudessem confessar os delitos. Eles são da favela da Rocinha e já têm passagem pelo sistema penitenciário do Rio de Janeiro”, disse. Surgiram comentários que comparsas dos cariocas teriam vindo resgatar o trio, porém, a informação não foi confirmada pelo delegado.

Da cozinha pro meio da guerra

Redação

A manhã tranquila da família Piske virou cena de filme de guerra ontem. A casa da família fica na Estrada do Oeste, cujo acesso se dá pela BR-101, no distrito de Piabeiraba, Joinville.

Fortemente armados, os marginais abandonaram a viatura da polícia rodoviária e invadiram a residência por volta das 9h, quando o marido de Cordola trabalhava na plantação da cana-de-açúcar.

Ela e a mãe estavam na cozinha, quando foram feitas reféns. A mãe de foi libertada em seguida, no rio Cubatão. A filha continuou com os marginais que tentaram escapar pela estrada e bateram numa árvore ao serem cercados pela polícia. Durante o intenso tiroteio, Cordola foi ferida. Ela permanece internada em estado grave no hospital São José, onde foi submetida à cirurgia.

Vizinha

Assustada, uma moradora da Estrada do Oeste disse que se escondeu no quintal de casa quando ouviu os tiros. “Os policiais até entraram em casa pensando que eles estavam escondidos aqui. Podia ter sido eu a refém. A gente acha que essas coisas nunca vão acontecer perto da gente”, disse a mulher aliviada ao saber da morte dos bandidos.

Denúncia no camping

Redação

O delegado Zuba, na manhã de terça-feira, foi verificar a denúncia que homens armados e com drogas estavam em um camping do balneário Olho D’Água, em Pontal do Paraná. Assim que chegaram foram recebidos a tiros pelo quarteto de bandidos.

Zuba foi morto no local, com quatro tiros e, o servidor municipal Adilson da Silva, 42, que prestava serviço à delegacia, morreu no Hospital Regional de Paranaguá. As investigadoras Luiza Helena dos Santos Pinto e Noeli de Fátima Lima não foram feridas, mas tiveram as armas levadas pelos marginais.

Algumas horas depois do crime Francisco Diego Vidal Coutinho, 20 anos, foi preso pouco tempo depois do crime, caminhando na praia. Ele confessou fazer parte do grupo, que veio do Rio de Janeiro para praticar assaltos no Paraná.