Brincadeira estúpida acaba em morte de amigo

O aperto de um gatilho, numa suposta brincadeira de “roleta russa” transformou radicalmente o destino de três amigos. Renato Alves Pinheiro, 15 anos, morreu com um tiro na cabeça às 15h de segunda-feira; dois colegas e alunos da mesma classe da vítima, de 14 e 15 anos, foram responsabilizados pelo crime e levados à Delegacia do Adolescente. A tragédia só foi descoberta na manhã de ontem – o corpo havia sido enterrado no quintal da residência de um dos detidos, na Rua 3, Jardim Acrópole, Cajuru.

Os três adolescentes se reuniram às 14h de segunda para jogar videogame na casa de um deles. Logo começaram a brincar com um revólver calibre 38, que seria do irmão do morador da residência. Renato, de acordo com a versão do segundo visitante, teria colocado uma bala no tambor e o girou, apertando em seguida o gatilho. “Falei para ele parar e o dono da casa colocou a arma embaixo do travesseiro”, disse.

Terra e cal

Renato teria apanhado novamente o revólver e introduzido no tambor outra bala, que estava em seu bolso. O morador da casa, de 14 anos, pegou a arma pouco depois e acionou o gatilho. O tiro acertou a cabeça de Renato, que morreu instantes depois. “Não sabia que o revólver estava carregado. Não queria atirar, era meu amigo há mais de dois anos”, justificou.

Os meninos contam que ficaram com medo do que poderia lhes acontecer e decidiram enterrar o amigo. Abriram uma cova rasa no quintal e cobriram Renato com terra e cal. A proprietária da casa e mãe de um dos adolescentes chegou à noite do trabalho e nada percebeu. Só pela manhã ficou sabendo da história. “Não consegui dormir e contei tudo”, disse o adolescente que atirou.

A mulher ligou às 8h30 para a Delegacia de Homicídios, informando sobre o crime. Os menores envolvidos na morte aguardaram a chegada da polícia e foram levados à DA.

O pai de Renato, o pedreiro Ivaldo Ferreira Pinheiro, 55 anos, disse que procurava pelo filho desde o meio-dia de segunda-feira. “Ele deixou um bilhete dizendo que estaria neste endereço. Vim aqui às 19h e os amigos dele mentiram. Disseram que nem passou por ali”, falou o pai, ainda sem estar plenamente convencido da versão de disparo acidental.

Os investigadores da DH, entretando, acreditam que os menores estejam dizendo a verdade. “Enterraram o menino por medo. Tanto que a mãe de um deles foi avisada”, falou o policial Homero. O revólver que matou Renato será periciado na Polícia Científica.

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