Bandido em fuga fere policiais

Dois policiais civis, lotados em São José dos Pinhais, foram baleados ontem à noite por um bandido que estava detido na mesma delegacia. Ainda não se sabe como o assaltante conseguiu a arma, um revólver calibre 38. Os investigadores foram levados para hospitais de Curitiba e passariam por cirurgia durante a madrugada. A última informação, às 23h de ontem, é que o estado de saúde de ambos era estável. O bandido conseguiu fugir e está sendo caçado por policiais de diversas delegacias.

O assaltante Valmir Pires Correia, de 24 anos, foi preso pela Polícia Militar há duas semanas em Fazenda Rio Grande. Junto com ele foram detidos outros integrantes da quadrilha – duas mulheres e o assaltante Márcio Macedo Gama. Os quatro estavam roubando um mercado quando foram surpreendidos pela PM. Valmir foi baleado na perna e levado para o hospital. Os demais foram levados para o xadrez da delegacia daquele município.

Bolsa

De acordo com o superintendente Bialle, da delegacia de Fazenda Rio Grande, depois de uma semana internado, Valmir foi encaminhado para a delegacia. “Ele andava mancando e usava uma bolsa de colostomia para recolher a urina, porque o tiro atravessou a virilha”, informou o policial.

Na sexta-feira passada, dia 9, o assaltante foi transferido para a carceragem de São José dos Pinhais. Ele tinha mandado de prisão expedido pela Justiça daquele município. O próprio Bialle acompanhou a remoção de Valmir para São José. “Ele foi algemado na viatura comigo e mais um policial dirigindo. Fiquei desconfiado de que pudesse acontecer alguma tentativa de resgate. Deu uma intuição e fiquei com a pistola na mão, acompanhando os movimentos dele pelo espelhinho”, relatou.

Arma

De acordo com Bialle, Valmir chegou a oferecer propina para ser libertado durante esse trajeto. Enquanto esteve no xadrez da delegacia o assaltante recebeu duas visitas – da mulher dele e de outro homem. A suspeita é que a arma tenha sido passada para Valmir no hospital ou mesmo durante essa visita.

“Por mais que a gente faça revista nos visitantes, não é impossível eles conseguirem passar alguma coisa para os presos. Infelizmente, às vezes, acontece”, lamentou o policial, lembrando que o efetivo nas delegacias está pequeno para conter e vigiar presos e ainda cuidar de investigações e tarefas burocráticas. Uma das hipóteses é que o bandido tenha escondido o revólver dentro da bolsa de colostomia.

Ousadia

De acordo com as informações do superintendente Éverson, da delegacia de São José, Valmir passou o dia de ontem se queixando de dores. Por volta das 19h30, os investigadores Emerson Mazza e José Ciro Abdalla retiraram-no do xadrez e o colocaram algemado na viatura, para levá-lo ao hospital da cidade. Com extrema ousadia, a menos de quatro quadras da delegacia, o bandido sacou a arma e atirou. Mazza levou dois tiros nas costas e Abdalla outros três. Uma das balas atravessou o pescoço de Abdalla e saiu pela garganta. Um deles, mesmo baleado, ainda teria conseguido revidar e acertar Valmir. Na fuga, o bandido deixou cair a arma e a bolsa de colostomia, cheia de urina.

O clima na delegacia era de revolta, tristeza e apreensão pela saúde dos colegas. Tanto Abdalla quanto Mazza são casados e têm filhos. Abdalla é investigador há muitos anos e estaria próximo da aposentadoria. Um policial, revoltado com a situação da Polícia Civil, comentou que muitos colegas têm sido vítima de bandidos durante transferências e remoções. A carceragem de São José, com capacidade para 48 presos, está com 110, enquanto os quadros da Polícia Civil necessitam de mais funcionários para conter a criminalidade crescente e a ousadia dos bandidos.

Policiais de São José, comandados pessoalmente pela delegada Maritza Haisi, esquadrinharam a região em busca do assaltante. Pela forma como agiu, acredita-se que havia comparsas aguardando por ele. A quadrilha de Valmir, que está presa em Fazenda Rio Grande, é da região do Boqueirão. Já um irmão dele, assaltante conhecido como “Juruna”, foi morto pela PM há um ano e meio na região de Borda do Campo. Policiais do Cope, do 2.º Distrito e da Polícia Militar estão dando apoio à operação.

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