Bancos são alvo preferênciais dos marginais

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana está cobrando mais atenção com a segurança. Nos últimos 50 dias, seis agências e postos bancários foram assaltados na Grande Curitiba. Além disto, os clientes também vêm sendo alvos constantes. Neste mesmo período, sete pessoas foram assaltadas, sendo que duas delas morreram. Os dados não são oficiais já que a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) não divulga os números. A reportagem fez um levantamento nas páginas de O Estado.

No acumulado do ano são 13 assaltos a banco e postos de agências. Para o presidente do sindicato, Otávio Dias, estes números seriam menores se as agências bancárias investissem mais em segurança. Ele defende a instalação de câmeras com acompanhamento em tempo real pela polícia. “Fica mais fácil a ação policial e inibe a ação dos bandidos”, falou. Além disto, Otávio disse que os sistemas de monitoramento de algumas agências estão tão obsoletos que as imagens não ajudam a elucidar nenhum crime. Como o que ocorreu com Rosangela Costa, 40 anos, que foi assassinada dentro de uma agência bancária no fim do mês passado, no Hauer, em Curitiba, enquanto sacava dinheiro. As imagens não permitiam nem o reconhecimento da vítima.

Outro ponto questionado pelo sindicalista são as portas giratórias que não ficam na entrada do estabelecimento, mas dentro da agência. O acesso aos caixas eletrônicos é livre e tanto clientes como funcionários que ficam nesta parte acabam desprotegidos. Os bandidos também entram durante a noite armados e acabam atacando quem está usando o auto-atendimento.

Otávio faz ainda outras críticas. Diz que nos primeiros dias de cada mês, o número de pessoas que procuram os bancos é grande e o tempo de espera acaba sendo maior. Os assaltantes acabam se aproveitando disto para ficar de olho nos clientes e roubar quem saca grandes quantias. Ele defende que os bancos coloquem mais profissionais para evitar este tipo de situação.

Só nos últimos 50 dias, sete pessoas foram assaltadas ao sair ou chegar a uma agência bancária, sendo que duas delas morreram. Contando casos desde o início do ano, o número de vítimas sobe para 12 pessoas assaltadas e um total de três mortes. Entre os assassinatos, o da pró-reitora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Maria Benigna Martinelli de Oliveira, 53 anos, que foi baleada em frente à sua casa após ter sacado R$ 4 mil.

Para o sindicalista, outra forma de melhorar a segurança é a atualização da lei federal 7.102 de 1983 que regulamenta o setor. Um grupo de trabalho que reúne representantes dos bancários, bancos e Polícia Federal está discutindo a situação em Brasília e vai elaborar sugestões para encaminhar ao Congresso Nacional.

Setor investe em proteção

O diretor setorial de segurança da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Oscar Viotto, diz que os bancos vêm investindo constantemente em segurança. Afirma que, no ano passado, a área recebeu R$ 7 bilhões.

Além disto, desde o ano 2000 o número de assaltos a banco vem caindo paulatinamente em todo o País. Naquele ano, ocorreram 1.903 casos e no ano passado foram registrados 529.

Viotto explica que em todos os bancos existem sistema de alarme interligados com empresas de segurança.

Vigilantes e funcionários têm acesso ao alarme em qualquer situação de emergência.

Em relação às portas giratórias, ele diz que as estatísticas confirmam que é quase zero a incidência de assaltos nos caixas eletrônicos, não havendo necessidade de transferir o dispositivo para a entrada da agência.

Segundo Viotto, o reforço no número de atendentes nos dias de ,mais movimento para evitar a atuação de “olheiros” também não é necessário. O esquema de segurança das agências já está preparado para agir nestas ocasiões.

O monitoramento interligado com a polícia também não deve ser implantado tão cedo. Ele diz que para se criar um sistema deste tipo são necessários estudos muitos complexos e ainda não foi comprovado se a medida é eficiente.

Para o diretor, o sistema de segurança das agências é adequado às necessidades atuais. “Temos evoluído, mesmo com o crescimento no número de agências, a quantidade de assaltos vem diminuindo. Nenhum sistema de segurança é cem por cento seguro, mas buscamos o maior nível de segurança possível”, argumentou. Afirma que o acúmulo de assaltos a bancos nos últimos 50 dias em Curitiba foi uma situação atípica. Em relação aos assaltos aos clientes, diz que a Febraban busca ajuda da polícia e constantemente pede que as áreas em volta das agências sejam monitoradas. (EW)

Delegado dá dicas de segurança

O delegado Rubens Recalcati, que trabalhou durante dez anos na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba e atualmente está na delegacia de Araucária, diz que é possível evitar ser vítima de um assalto. Cerca de 90% das pessoas que tomam medidas preventivas evitam o problema.

Segundo o delegado, os assaltantes escolhem suas vítimas de três formas. Uma boa parte fica de olho nas pessoas que estão fazendo saques no interior da agência. Em outros casos, os bandidos contam com a ajuda de funcionários que trabalham no banco. Mas há também casos de pessoas que arriscam assaltar qualquer um na esperança de que tenha dinheiro.

Recalcati aconselha os clientes que vão fazer um saque muito alto a procurar ajuda numa delegacia para sua proteção. Outra medida é prestar muita atenção dentro da agência para ver se não está sendo observado por alguém e de preferência sacar o dinheiro num local reservado.

Na rua deve-se ficar atento às pessoas em volta, principalmente motoqueiros levando alguém na garupa. Se estiver sendo seguido, a pé ou de carro, procurar um local bem movimentando. Outra medida é evitar a rotina. Nunca ir ao mesmo banco no mesmo horário depositar ou sacar dinheiro.

Para o delegado, também seria interessante se a polícia criasse um grupo de trabalho exclusivo para monitorar ruas próximas de agências bancárias, mas falta efetivo para isto. (EW)