Mesmo com o Estatuto do Desarmamento, que começou a vigorar em 2003, os índices de homicídios cometidos com armas de fogo cresceram 12% em todo o País, de 1996 a 2008. É o que aponta um estudo divulgado ontem pela Confederação Nacional dos Municípios (CMN). Em Curitiba, por exemplo, a taxa de homicídios praticados com arma de fogo a cada 100 mil habitantes aumentou de 18,3, em 1999, para 47,3, em 2008.

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No ranking da quantidade total de óbitos oriundos de armas de fogo, Curitiba ficou em 9.º lugar (83,2% das 770 mortes ocorridas naquele ano foram cometidas desta forma). Até mesmo a cidade de São Paulo ficou em posição melhor do que Curitiba, com 71,1% dos óbitos oriundos de armas de fogo (19.º lugar no ranking).

Em primeiro lugar ficou Salvador (BA), com 92,6% dos óbitos cometidos com armas de fogo; e em segundo vem Maceió (AL), com 92,1%.

Quando o índice é analisado por 100 mil habitantes, a colocação de Curitiba sobe para 7.º lugar (47,3 mortos por 100 mil habitantes), em 2008, ganhando tanto do Rio de Janeiro, que ficou em 9.º lugar (com a quantidade de 30,8 mortos por 100 mil habitantes) e São Paulo, que ficou na 21.ª colocação, com 10,6). Neste quesito, Maceió ficou em primeiro lugar, seguido pelo Recife (no Pernambuco).

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Em relação aos estados, o Paraná ficou em 8.º lugar nos óbitos registrados por armas de fogo. Das 2.533 mortes ocorridas em 2008, 73,8% delas foram desta forma. Ao contrário do que ocorreu com Curitiba, a pesquisa apontou que o Rio de Janeiro, por exemplo, passou do Paraná, com 81,4% dos homicídios cometidos com armas. Em primeiro lugar ficou Alagoas, com 84,6%, e por último, Roraima, com 29,9%. Rio Grande do Sul ficou em 7.º lugar, e Santa Catarina, em 16.º.

Em uma análise regional, o Nordeste ficou em 1.º lugar no ranking (73,9%). A região Sul está em 3.º lugar, com 73,1%.

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Alta densidade populacional foi um dos motivos apontado pelo estudo para o aumento dos homicídios cometidos com armas de fogo. Outro fenômeno detectado, mas agora em relação aos homicídios em geral, é a chamada “interiorização” da violência: em 1999, 69% das mortes violentas no País ocorreram nas regiões metropolitanas; em 2008 o índice caiu para 57%. Por outro lado, o estudo aponta que cresceu a utilização das armas de fogo nesses locais. “Os dados são alarmantes. O crescimento do tráfico ilegal e o fácil acesso às armas indicam a importância de qualificar e avançar nos debates sobre violência e segurança pública no Brasil”, comentou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Fronteira

No Paraná, as cidades com mais casos de homicídios com armas foram Guaíra e Foz do Iguaçu, ambas com taxa média de 95% e 88,3% das mortes nessas circunstâncias. As duas cidades estão, inclusive, no topo da lista nacional, onde também aparece Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba, com índice de 60,5%. “É mais um indício de que a conexão com redes internacionais de tráfico de armas e outras atividades ilegais podem facilitar a prática de homicídios”, avaliou Ziulkoski.