Operação Fractal

Assessor de político e policiais são presos pela PF

A operação Fractal, da Polícia Federal (PF), colocou atrás das grades 22 suspeitos de envolvimento com a exploração de jogos de azar e contrabando, principalmente de cigarro do Paraguai. Segundo a PF, o líder da quadrilha é assessor do deputado estadual Waldyr Pugliesi (PMDB). Outro assessor dele também é suspeito de participar do esquema.

Entre os presos estão três oficiais da Polícia Militar, outros membros da corporação e também policiais civis, auditores das receitas Estadual e Federal, um policial federal, entre outros funcionários públicos, que facilitavam o esquema. Outras pessoas foram levadas para a Superintendência da PF, para serem ouvidas. Quatro carros de luxo, pilhas de documentos e computadores foram confiscados.

Rede

As prisões e apreensões aconteceram em Curitiba, Maringá, Medianeira, Foz do Iguaçu, Faxinal e Matinhos. Outros mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos em Porto Alegre e Canoas, no Rio Grande do Sul, e em Laguna e Joinville. “O dinheiro era captado no contrabando, usando o Paraná como corredor para o resto do País, principalmente a região Sul. O dinheiro era lavado em esquemas de bingos e outros jogos de azar em Santa Catarina”, disse o delegado José Alberto Iegas, da PF. Segundo ele, os nomes de outros deputados estaduais paranaenses foram citados nas investigações.

“Estamos monitorando esta quadrilha há mais de dois anos. Vamos entregar um relatório à presidência da Assembleia Legislativa, que decidirá se vai investigar os deputados citados”, disse Iegas. Durante a manhã, vários documentos e computadores foram confiscados no gabinete do assessor do deputado Pugliesi, dentro da Alep.

O deputado Pugliesi afirmou que não tinha conhecimento de qualquer ação criminosa de seu assessor. Ele também colocou todo seu gabinete à disposição da PF. A RPC TV divulgou que o nome do assessor seria Elielton Francis Maia, mas sem confirmação oficial.

Patrimônio

O estopim das investigações foi representação feita em 2010 pelo Ministério Público de Umuarama, que apurou a ação de um “braço armado” formado por policiais lotados em rotas de contrabando no noroeste do estado.

O delegado Iegas explicou que não foi possível calcular o montante de dinheiro arrecadado pela quadrilha, que tinha ramificações em órgãos públicos e que trabalhava para corromper diversas esferas do sistema de segurança e fiscalização estadual e federal. “Posso afirmar que se trata de muito dinheiro. O patrimônio de alguns dos servidores detidos chamou a atenção, tendo em vista as funções públicas que ocupavam”, salientou Iegas.

Esquema pra derrubar cúpula

As investigações da PF também apontam que um dos objetivos da quadrilha era derrubar o comando da PM, tendo como principal representante o coronel Roberson Luiz Bondaruk. “Os ataques contra nosso comando foram de diversas naturezas, desde políticas diretamente, assim como tentativas de desmoralizar publicamente ações da polícia”, confirmou Bondaruk.

Segundo o secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, entre as conversas telefônicas grampeadas, um membro da quadrilha diz “com este comando da PM não existe acerto”. “As investigações mostram como as instituições públicas são sensíveis a influência corrupta e é isso que nós queremos combater”, declarou Vasques.

Mais

As investigações devem continuar e, segundo a PF, novas prisões devem acontecer nos próximos dias. Porém o próximos passos seguirão sob segredo de justiça. Os policiais militares detidos ficarão sob cust&o,acute;dia da Corregedoria e os demais presos devem permanecer na Superintendência da PF, aguardando vaga no sistema prisional. “Vamos continuar trabalhando para punir estes policiais, alguns deles já estão sofrendo processo administrativo para exclusão”, afirmou Bondaruk.