Assassinato do estudante vai ter reconstituição

Esta marcada para a semana que vem a reconstituição do assassinato do estudante Anderson Froese de Oliveira, 18 anos, ocorrido às 2h15 de sábado, na Rua Marechal Floriano Peixoto, Parolin, próximo ao viaduto. O garoto foi morto durante uma abordagem realizada por policiais militares do serviço reservado do 13.º Batalhão. Segundo os policiais, Anderson teria reagido à voz de prisão e atirado contra eles, mas amigos do jovem que presenciaram a cena deram outra versão e acusam os PMs de terem executado Anderson.

O delegado Sebastião Ramos Neto, da Delegacia de Homicídios, responsável pelo caso, aguarda para hoje o resultado do exame de resíduos de chumbo, que foi realizado em Anderson após a sua morte. Enquanto o laudo não sai ele está ouvindo testemunhas do caso. Ontem foi ouvido o proprietário do Restaurante Ripas e Costelas, na Água Verde. Segundo a versão dos policiais, eles foram acionados por funcionários do estabelecimento que viram um rapaz armado rondando o local e deram início a operação que ocasionou a morte do estudante. “Ele disse que não pode reconhecer os meninos porque não estava no local. O primeiro passo para as investigações é saber se o garoto, esteve ou não em frente ao restaurante. Provado isto vamos dar prosseguimento as diligências”, salientou o delegado.

Fotografia

O proprietário do restaurante contou que após a morte do garoto policiais militares do serviço reservado estiveram várias vezes em seu estabelecimento, levando a fotografia do garoto de 16 anos, que estava junto com Anderson, e foi detido por porte ilegal de arma, para que o reconhecimento fosse feito. Mas nenhum dos funcionários reconheceu o garoto através da fotografia.

Sebastião disse que desde o início já solicitou que o Corsa usado pelos militares do serviço reservado e a viatura usada para levar o garoto ao hospital, provavelmente já morto, como declaram as testemunhas, fossem recolhidos para ser periciados. “Até o momento os carros não foram apresentados. Se a PM não atender ao pedido vou solicitar busca e apreensão dos veículos”, avisou o delegado.

Segundo o tenente-coronel José Paulo Betes, comandante do 13.º Batalhão, informou que os carros já foram enviados para a perícia na segunda-feira. “Assim que tivermos o resultado iremos encaminhar uma cópia para a Polícia Civil. Nós temos interesse em esclarecer os fatos”, ressaltou o coronel.

Tiro

Quatro amigos de Anderson, que presenciaram a abordagem, declararam que o estudante e o menor estavam pichando o muro de uma empresa de ônibus, quando os policiais Nilton Hasse e Afonso Odair Konkel fizeram a abordagem. Os dois garotos teriam encostado no muro para a revista. O tiro que atingiu Anderson, de acordo com a PM, foi disparado pela arma do soldado Nilton Hasse. Em seguida, os policiais pediram auxílio para uma viatura do próprio batalhão, que transportou Anderson para o Hospital do Trabalhador, onde já chegou morto.

Protesto na Boca Maldita

Amanhã, às 13h, amigos, parentes e conhecidos do estudante Anderson Froese de Oliveira realizarão uma passeata de protesto pela Boca Maldita. Com faixas e cartazes, os manifestantes irão se reunir na Praça Osório e caminhar pela Rua XV até a Praça Santos Andrade. O objetivo é pedir à Justiça que tome providências para punir os dois policiais militares envolvidos na ação, principalmente o autor do disparo fatal.

Ontem a empresária Elizabeta Zanella, mãe do estudante Rafael Rodrigo Zanella, morto há cinco anos durante uma operação mal sucedida realizada por policiais do 12.º Distrito (Santa Felicidade), fez uma visita de solidariedade aos pais de Anderson. Ela prometeu acompanhar o desenrolar do caso e lutar para que toda a situação seja esclarecida e os policiais punidos. “A história de Anderson é uma repetição do que aconteceu com Rafael. Não podemos nos omitir nem nos calar diante de episódios como estes. Precisamos exigir a exclusão dos maus policiais”, disse ela, que participará da passeata ao lado da família de Anderson.

Também no sábado uma missa em memória do rapaz assassinado será rezada na Igreja Nossa Senhora da Vitória, no Alto Boqueirão, às 19h.

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