Assaltantes espalham terror ao longo da BR-277

Os postos de combustíveis situados na BR-277, entre Campo Largo e Ponta Grossa, viraram alvos de assaltantes. Em menos de 15 dias foram registrados seis roubos e, pelas características dos bandidos, os autores são sempre os mesmos. Um dos marginais usa barbicha e é cabeludo, o outro, moreno. Na hora do ataque, eles se revezam, mas não se preocupam em esconder o rosto.

Após sofrer dois assaltos praticados pela dupla, sendo que no último o marginal disparou um tiro, Roberto Dama, gerente de um posto de combustível, entrou em contato com a Tribuna para pedir “socorro”, pois teme que além de dinheiro os marginais tirem a vida de um funcionário ou de um cliente.

Qualquer hora

Ele contou que os bandidos não têm um horário determinado para atacar. Um invade o local e outro aguarda em um veículo, do outro lado da pista. O último ataque contra o posto em que Roberto trabalha aconteceu na segunda-feira da semana passada, às 18h30, o marginal levou pouco mais de R$ 3 mil e antes de sair, disparou um tiro que acertou um tambor de óleo diesel. Por pouco o projétil não atingiu o filtro de óleo do posto, o que poderia causar uma explosão. Este foi o segundo roubo no mesmo estabelecimento em poucos dias. O primeiro foi em meados de julho, quando os criminosos arrecadaram R$ 1.306,80. “Não foi só este posto que estes marginais roubaram. Eles estão atacando de três a quatro vezes por semana. Quase todos os postos da região foram assaltados”, salientou.

Roberto disse que logo após os roubos, a Polícia Rodoviária é acionada, mas ainda não conseguiu localizar os marginais. Ele acredita que o maior problema que a polícia tem para prender a dupla é que cada posto da rodovia está localizado em um município diferente, obrigando as vítimas a registrarem a ocorrência em delegacias diferentes. “Alguém precisa fazer alguma coisa. Sei lá, o secretário de Segurança, a PIC (Promotoria de Investigação Criminal), a Polícia Militar. Estamos apavorados” afirmou o gerente, completando: “Estamos pedindo socorro”.

Assaltos viram coisa rotineira nos postos

Os postos de combustíveis viraram presas fáceis para os marginais. Pelo menos um roubo é registrado diariamente contra este tipo de estabelecimento. Este ano, segundo dados do Sindicato dos Combustíveis (Sindicombustível), 150 dos 351 postos de Curitiba sofreram 275 roubos, nos primeiros seis meses deste ano. Na Região Metropolitana a pesquisa constatou 59 assaltados.

Há dez anos, os marginais roubavam bancos. Com a instalação de portas giratórias com detectores de metal, câmaras de vídeo e o pequeno valor em dinheiro existente nos caixas, os bancos deixaram de ser “interessantes” para os marginais. Tornaram-se arriscados demais para o pouco dinheiro que rende. Com isso, os bandidos optaram por novas alternativas, como postos de gasolina, estações-tubos e ônibus. São locais onde também há dinheiro, não tem maiores complicações com segurança e o risco é menor. “Não existem quadrilhas que atacam postos de gasolina. São marginais diversificados. Assaltar posto de combustível, hoje, é igual roubar ônibus”, compara o delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos.

Um dos problemas que a polícia enfrenta é que há vítimas que não registram as ocorrências nas delegacias quando são assaltadas, alegando que nada adianta perder tempo e não ter o dinheiro de volta. O delegado Rubens Recalcatti enfatizou que é importante o registro: “Quando o bandido é preso por um crime, ele pode ser reconhecido por outros, permanecendo assim mais tempo na prisão”.

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