Apreendido solvente queia “envenenar” gasolina

Um caminhão carregado com 32 mil litros de solvente foi apreendido ontem pela Delegacia de Estelionato. Segundo a polícia, o produto seria descarregado na empresa Petropar, na BR-277, Orleans, e em seguida adicionado à gasolina revendida para postos de combustíveis de várias cidades do Estado. O motorista do caminhão e um funcionário da empresa foram detidos em flagrante.

De acordo com o delegado Agenor Salgado Filho, titular da Estelionato, o carregamento saiu de uma empresa de Cachoeirinha (RS) e oficialmente tinha como destino a Companhia Química Jaguariaivense, de Jaguariaíva (Norte Pioneiro do Paraná). A entrega, porém, era desviada clandestinamente para a Petropar. “A empresa de Jaguariaíva emprestava o nome para que o esquema fosse legalizado”, disse o delegado.

Juntando informações sobre o caso há duas semanas, a polícia seguiu o caminhão ontem de madrugada até a entrada da Petropar. O motorista Luiz Cláudio Furlan, 33 anos, e o funcionário da empresa Marcos Walter dos Santos, 35, foram abordados e receberam voz de prisão assim que a Polícia Científica confirmou o conteúdo da carga. “Ambos confessaram que a função do solvente era adulterar a gasolina”, disse Salgado.

Indiciados

Segundo depoimento de um dos presos, a Petropar recebia semanalmente entre 60 mil e 90 mil litros de solvente. O delegado pedirá ao Tecpar (Instituto Tecnológico do Paraná) e à ANP (Agência Nacional do Petróleo) uma análise das amostras do combustível acondicionado na empresa, para confirmar a presença do aditivo ilegal. Mais barata que a gasolina, a substância é comumente usada por adulteradores para “batizar” o combustível. Solventes são corrosivos e podem causar danos ao motor e reduzir o desempenho de veículos.

Além do motorista e de Marcos, que segundo o delegado funcionava como agenciador, deverão ser indiciados por formação de quadrilha e tentativa de estelionato o dono da Petropar, identificado apenas como Ítalo, e os responsáveis legais da Companhia Jaguariaivense.

A apreensão ocorreu um dia depois de a ANP divulgar a relação dos 78 postos paranaenses autuados ou interditados entre 1999 e 2003 por problemas na qualidade do combustível. Destes, 36 ficam em Curitiba e Região Metropolitana. A empresa indiciada revendia álcool e gasolina para postos de Curitiba e Região Metropolitana e Ponta Grossa, entre outras cidades. Segundo o delegado, alguns dos estabelecimentos podem estar vendendo combustível adulterado sem conhecimento prévio.

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