Mudança de postura

Após denúncias, PM adere à campanha Conte até 10

Os policiais militares do Paraná também aderiram à campanha Conte até 10, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A intenção é que, a partir de agora, as equipes exercitem a tolerância e priorizem o diálogo para evitar confrontos desnecessários com a população.

A campanha foi apresentada aos policiais logo após um período de muitas denúncias de truculência. Porém, segundo o comandante geral da PM, Roberson Bondaruk, este fato é apenas uma coincidência.

Já havia uma programação para que os policiais aderissem ao movimento. A campanha traz lutadores profissionais dizendo que até eles, que são preparados para encarar qualquer briga, contam até 10.

Segundo o coordenador estadual do movimento, o promotor de Justiça Paulo Markowicz de Lima, se todas as pessoas fizessem esse exercício de paciência e tolerância, o número de homicídios cairia em 30%.

A ideia foi apresentada aos dez comandantes das Unidades Paraná Seguro, que além de incentivarem as equipes a serem mais tolerantes, deverão divulgar a campanha para a população.

Os 300 policiais que atuam nas UPS tiveram treinamentos para resolução pacífica de conflitos, ao contrário da maioria da corporação, que ainda recebe treinamentos convencionais.

Denúncias

Segundo o coronel Kogut, comandante da corregedoria da PM, neste ano foram instaurados 625 inquéritos policiais militares (IPMs) para investigar supostos abusos cometidos por equipes nas ruas, contra a população.

Já foram excluídos 36 policiais da corporação em 2012. No ano passado, apenas 19 foram excluídos. Os IPMs são acompanhados pelo Ministério Público, que ajuda a investigar e também fiscaliza a sindicância.

Um destes inquéritos é sobre a denúncia de racismo e tortura feita pela advogada Andréa Cândida Vitor. O crime teria ocorrido no dia 24 de novembro, no Bairro Alto.

‘Houve excesso dos dois lados. Policiais também foram feridos, mas já foram afastados do serviço para que eles mesmos sejam preservados‘, afirma Bondaruk.

Outra denúncia recente é da torcedora do Coritiba Ana Paula de Lima, abordada com truculência por policiais das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) em 17 de novembro. Tanto o caso dela quanto o de Andréa foram filmados por testemunhas, o que acelerou o andamento do IPM.

Investigações mais antigas, como a denúncia de tortura feita contra policiais da recém criada UPS do Uberaba, em 1º de março, já foram encerradas. Os policiais envolvidos neste caso já foram denunciados pelo Ministério Público e o processo de exclusão deles da corporação já está em andamento.

Alguns dos que foram denunciados no 13º Batalhão relataram que cometeram abusos porque aprenderam na academia de polícia a agir desta forma. Eles contaram que passaram dias sem comer, em locais com pouca estrutura, e foram tratados com truculência.

Bondaruk garante que, assim que soube da situação, substituiu o coordenador dos treinamentos do batalhão e abriu um procedimento investigatório. ‘Somos contra qualquer excesso no treinamento que gere má formação do policial e queremos oferecer treinamento de policiamento comunitário a cada vez mais policiais. É impossível eliminar por completo os excessos, mas podemos mantê-los em níveis mínimos‘, ressalta.