O anúncio para emprego de secretária, em um jornal de grande circulação da capital, era, na verdade, uma armadilha para jovens que vinham do interior. Depois de dopadas, as garotas eram submetidas a sessões de fotos e filmagens, algumas com apelos eróticos. O caso veio à tona ontem de madrugada, quando uma das garotas desconfiou do esquema e avisou à polícia. O construtor Naudir Rode, 42 anos, foi detido e está recolhido no Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão – Sul (Ciac), anexo ao 3.º Distrito Policial, Mercês.
M.M.S, 23 anos, foi levada à Guaratuba e convidada a beber junto com Naudir e uma adolescente, de 17 anos. A moça desconfiou do gosto da bebida e apenas fingiu que ingeria o líquido. Como não conseguiu dopá-la, Naudir trouxe a garota de volta para sua casa, na Rua Eurico César de Almeida, Bacacheri. "No caminho, ela foi agredida e estrangulada até perder a consciência, conforme nos contou", disse o tenente Ribas, do 12.º Batalhão da Polícia Militar, que prendeu o acusado. O policial acrescentou que a vítima apresentava lesões pelo corpo e marcas no pescoço.
Já na casa do construtor, M.M.S. foi mantida trancada em um quarto e, ao pedir para ir ao banheiro, conseguiu avisar um amigo, que, por sua vez, chamou a polícia. Na residência, foram apreendidos um computador, com fotos e vídeos em que garotas aparecem nuas e dormentes, duas carabinas calibre 38, e R$ 27.300,00 embaixo do colchão. "Não sabemos se o dinheiro era da atividade de construtor ou da venda de imagens", comentou o oficial da PM. O material passará por perícia técnica.
Remédios
Foram apreendidos medicamentos de uso controlado, como Diazepam, que seriam utilizados para dopar as garotas, assim como vários currículos, provavelmente deixados pelas jovens interessada em emprego. "No anúncio do jornal, pedia-se que a candidata à vaga de secretária fosse do interior do Estado e oferecia salário R$ 1.300,00", esclareceu o tenente. Segundo ele, os cômodos da residência, inclusive o banheiro, eram monitorados por câmaras de vídeos.
De acordo com que a vítima contou aos policiais, as armas eram usadas para ameaçá-la, caso denunciasse o caso. M.M.S também relatou à polícia que, no trajeto de Guaratuba, a adolescente que acompanhava o acusado dizia que "não custava matar mais uma e jogar na valeta". O construtor foi acusado de tentativa de estupro, de homicídio e ameaça. Até o início da noite de ontem, ele permanecia preso no 3.º DP, conforme os plantonistas.