Analista de sistemas é assassinado com mais de 30 facadas

O sangue da vítima e do autor se misturaram em um assassinato que a polícia acredita ser um caso de crime passional. O corpo do analista de sistemas Cláudio Antônio Soncin, 38 anos, foi encontrado ontem à tarde por policiais da Delegacia de Homicídios dentro do sobrado onde ele residia, no Jardim das Américas. Soncin, que era funcionário da Cohapar, foi brutalmente morto com mais de trinta facadas. Ele foi atacado dentro do quarto de casal, mas havia muito sangue espalhado por toda a residência – o assassino também se feriu bastante, pois, de acordo com a perícia, a vítima lutou com ele antes de morrer.

O caso começou a ser investigado na manhã de ontem, quando os policiais Jairo e Marcos foram informados que havia um veículo abandonado próximo ao pátio da empresa ALL, na Vila Pantanal, Alto Boqueirão. Os policiais foram até o local e encontraram um Peugeot prata com manchas de sangue no interior. Chamou a atenção, também, o fato de que dentro do carro havia um relógio de pulso importado.

Endereço

Ao levantar a documentação do carro, os investigadores descobriram que, além de novo em folha – a primeira parcela do financiamento ainda nem havia sido paga – o Peugeot pertencia a Cláudio Soncin. Com o endereço do proprietário em mãos, os investigadores se dirigiram ao sobrado número 47 da Rua Francisco Maravalhas – também novo e recém-ocupado – e logo perceberam que havia algo errado no local.

“Logo na garagem do sobrado já vimos gotas de sangue pelo chão. Ao entrar, mais sangue pela sala e nas escadarias. Logo encontramos o corpo, caído de bruços na entrada do quarto”, contou o investigador Jairo.

Rapazes

Com a chegada do delegado Armando Braga e da perícia do Instituto de Criminalística, os policiais começaram a buscar pistas e juntar as peças do quebra-cabeças para elucidar o caso. Uma vizinha informou que Soncin costumava levar para casa rapazes mais jovens. A mesma vizinha citou, também, que havia um rapaz em especial, que era visto mais freqüentemente em companhia da vítima.

Sangue

No sobrado, os sinais eram claros: o homem que passou a noite no quarto ao lado da suíte, onde havia uma cama de solteiro desarrumada, é o mesmo que atacou Soncin. Marcas de sangue e pegadas indicavam que, depois de matar, o assassino tomou banho e fugiu com o carro do analista de sistemas. “O autor estava, com certeza, bastante ferido, porque nem mesmo se lavando o sangue parou de pingar”, observou o delegado Braga.

Os policiais acreditam que o homicida tenha se ferido principalmente nas mãos, pois havia muito sangue dentro do Peugeot e também na torneira do chuveiro da casa.

A polícia já tem algumas pistas a seguir, como agenda e fotos encontradas no sobrado. Segundo o delegado, os indícios devem levar a uma solução rápida para o caso.

Polícia acredita se tratar de crime passional

A hipótese de latrocínio foi descartada, a princípio, porque aparentemente nada foi levado da residência. Também o carro abandonado, com um relógio de valor, corroboram a tese de crime passional. Observando o corpo, os policiais comentavam que um garoto de programa não teria matado daquela forma, desferindo tantos golpes seguidos – foram tantas facadas que a perita Maria de Lourdes, da Polícia Científica, não conseguiu precisar o número exato. “Um garoto de programa ou bandido daria apenas as facadas necessárias para matar e fugiria rápido. O que temos aqui é a cena de uma briga e de uma morte muito violenta”, disse o delegado.

A faca de cozinha usada para o crime ficou caída ao lado do corpo de Soncin. A perita observou que, pela rigidez do cadáver, o crime pode ter acontecido durante a madrugada. A maioria das facadas atingiu a parte superior do corpo da vítima – especialmente abdômen, pescoço e rosto, inclusive os olhos. As mãos feridas indicavam que Soncin lutou contra seu algoz. Um dos dedos dele teve um corte fundo, provavelmente tentando segurar a lâmina da faca, que chegou a entortar com os golpes.

Fotos

No sobrado, os policiais apreenderam objetos pessoais com pistas importantes para chegar ao assassino. Álbuns de fotos de homens nus, de festas e de encontros com amigos, diários relatando encontros amorosos com detalhes e nomes de pessoas, e fitas de vídeo devem auxiliar nas investigações.

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