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Advogada suspeita de praticar golpes no Paraná é presa em SC

Uma advogada, pós-graduada em direito tributário e previdenciário, foi presa suspeita de se apropriar de valores dos clientes, obtidos em ações judiciais. Policiais da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC) prenderam Sabrina Naschenweng, 39 anos, na quarta-feira, num apartamento de alto padrão, na praia de Daniela, região norte de Florianópolis (SC).

Segundo a polícia, a advogada trabalha com o pai, Edelmo Naschenweng, 71, que está foragido. O escritório Naschenweng Advogados Associados tem sede no centro de Florianópolis e filial no Batel. Dois funcionários dos advogados, uma mulher de Florianópolis e um homem de Curitiba, respondem em liberdade. As prisões preventivas são por estelionato e formação de quadrilha. Há no Paraná, cinco inquéritos contra os advogados, além de três boletins de ocorrências em Curitiba, Maringá e Foz do Iguaçu. De acordo com a polícia, também existem procedimentos criminais em Santa Catarina.

Procuração

As investigações começaram em setembro quando a DEDC soube que Sabrina se apoderou dos R$ 12 mil ganhos em uma ação. O delegado-adjunto da DEDC, Matheus Laiola, explicou que o escritório assinava contrato de prestação de serviços. “Quando havia ganho de causa, encaminhava uma carta, com procuração em anexo, dizendo que havia necessidade da assinatura do cliente para ‘agilizarmos e concluirmos o processo em questão’. O cliente assinava, o escritório sacava todo o dinheiro e não dava o valor ganho na ação”, detalhou Laiola.

Quando a vítima ia até a agência, descobria que o dinheiro já havia sido sacado. Segundo o delegado, o cliente procurava o escritório e era recebido pelos funcionários, que davam respostas evasivas. “Os funcionários serviam como ‘pára-choques’ e se esquivavam das reclamações”, disse o delegado.

Ao ser presa Sabrina comentou informalmente com os policiais que está com dificuldades financeiras e que pretende ressarcir as vítimas. “Tanto é que logo depois da prisão a vítima de Curitiba recebeu os R$ 12 mil. No entanto, diante do advogado, ela disse que não agiu de má-fé e que houve falha administrativa”, disse Laiola. A operação contou com o apoio da Diretoria Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil de Florianópolis (DEIC).

Reclamações até na OAB

No site Reclame Aqui, há 17 queixas contra os serviços prestados por ela. A vítima, que é de Pato Branco, contratou o escritório em 2006 para restituição do imposto de renda. A causa foi ganha e a advogada sacou os valores em agosto de 2011. Até fevereiro deste ano, a vítima não tinha visto a cor do dinheiro. Depois de várias tentativas de falar com a advogada ou qualquer sócio do escritório, deu queixa junto à Polícia Civil e à OAB. A Justiça autorizou a remessa de cópias de todas as denúncias feitas contra o escritório de Sabrina na OAB para a DEDC, que então terá noção do valor apropriado indevidamente pelos advogados.

Devidamente inscrita e com situação regular na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Sabrina tem uma carteira com 5 mil clientes, de várias classes sociais. Seu pai já foi professor universitário e chefe de gabinete do vice-governador de Santa Catarina, de 1981 a 1982. Matheus disse que Sabrina era conceituada em Santa Catarina e tinha autorização para atuar no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Uma rápida pesquisa na internet mostra a advogada em colunas sociais.

Divulgação
Sabrina está presa e Edelmo é considerado foragido.

Confira no vídeo o momento da prisão da advogada.