Adiado julgamento do caso Zanella

Adiado pela quarta vez o julgamento dos policiais civis Airton Adonski Júnior e Reinaldo Sidwoski, que deveria ter ocorrido ontem foi remarcado para 1.º de setembro. Os dois policiais, que estão presos, foram julgados em 1998 e condenados a mais de 59 anos de prisão, pela co-autoria do assassinato do estudante Rafael Rodrigo Zanella, ocorrido em 28 de maio de 1997, durante uma abordagem policial. Eles recorreram da sentença, e o novo júri já foi marcado e adiado quatro vezes. Desta vez, os advogados de defesa Cláudio Dalledone Júnior e Antônio Augusto Figueiredo Basto não compareceram à sessão.

Adonski e Sidwoski pediram para serem julgados novamente somente pelo crime de homicídio. As penas pelos outros delitos a que foram condenados – usurpação de função, tortura e adulteração do local de crime – permanecerão inalteradas.

O autor do disparo que matou Rafael Zanella é o informante da polícia Almiro Deni Schimidt, que também já foi condenado. Ele também recorreu da sentença de 21 anos de prisão, mas a Justiça não acatou o pedido de novo júri para ele. Os demais envolvidos no crime são o delegado Maurício Bitencourt Fowler – acusado de ter alterado a cena do crime para proteger os policiais e de ter acusado o estudante de tráfico de drogas, além de prender e torturar as testemunhas do crime – e os investigadores Daniel Santiago Cortez e Carlos Henrique Dias . Eles continuam em liberdade e ainda não foram submetidos a júri nem punidos pela própria instituição.

Revolta

O episódio que terminou com a morte de Rafael Zanella e revoltou a família e toda a população de Curitiba, já completou seis anos. O estudante e alguns amigos saíam para jogar bola em Santa Felicidade quando o carro que ocupavam foi interceptado por policiais do 12.º Distrito (delegacia de Santa Felicidade), que supostamente estavam à procura de um traficante de drogas. No momento da abordagem, Almiro – que não era policial, mas agia como tal – disparou acidentalmente sua pistola, matando Rafael.

Os amigos dele foram presos e autuados em flagrante como traficantes, além de ameaçados e torturados para não revelar a verdade. Sob o comando do delegado Fowler, a cena do crime foi alterada. Um revólver e um pacote com maconha foram colocados próximo ao corpo, no carro de Rafael, para incriminá-lo. A farsa acabou sendo descoberta mais tarde, com a ajuda de peritos do Instituto de Criminalística. A família de Rafael acompanha, desde o dia do crime, todos os passos da polícia e da Justiça e espera punição para todos os envolvidos.

Penas

Airton Adonski foi condenado a 38 anos e 3 meses de prisão, mais 2 anos e 2 meses de detenção, além de 110 dias/multa como pena pecuniária, em julgamento ocorrido em 3 de outubro de 1998. Reginaldo Sidwoski recebeu a condenação de 21 anos de reclusão, 8 meses de detenção e 50 dias/multa, em 6 de novembro do mesmo ano. Eles cumprem pena na Prisão Provisória de Curitiba (Ahú).

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