Recolhido no Ahú, acusado
aguarda julgamento.

Mais de cinco anos depois de ter sido acusado de matar sua mulher no Chile, o professor Aristóteles Kochinski Smolareck Júnior, 28 anos, irá a júri popular em Curitiba. O julgamento está marcado para as 9h do dia 31 de março, na 2.ª Vara do Tribunal de Júri. De acordo com a denúncia, o professor é acusado de assassinar a golpes de taco de beisebol, a jovem Luciene Ribeiro de Paula, 18 anos, que estava grávida e com quem ele havia se casado meses antes. O crime ocorreu em Santiago, no dia 4 de agosto de 1998. O motivo seria um seguro de 250 mil dólares, o qual ele e a filha dela (fruto de um relacionamento de Luciane com um outro homem) eram beneficiários. Além de homicídio triplamente qualificado, Smolareck ainda está sendo acusado de ocultação de cadáver, aborto e estelionato.

O professor está preso há vários meses na Prisão Provisória de Curitiba, no Ahú. Ele teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça, após o Ministério Público e o assistente de acusação, advogado Dálio Zippin Filho, requererem o processo chileno para que fosse realizado o julgamento no Brasil. A fundamentação da acusação foi o artigo 7.º do Código Penal, que prevê que homicídio de brasileiro praticado no exterior por brasileiro deve ser julgado no Brasil. Só em 2001, Smolarek teve sua prisão preventiva decretada, foi preso e denunciado. No Chile, a polícia fez rigorosa investigação e concluiu que Smoraleck é autor da morte da mulher, embora ele negue terminantemente. O governo chileno chegou a pedir a extradição do acusado, para julgá-lo. Porém pela lei brasileira não se extradita nacional, mas para que o crime não fique impune, ele será julgado aqui.

Assassinato

Aristóteles casou com Luciene no dia 8 de junho de 1998, dois meses antes dela ser assassinada. Na época, a mulher tinha uma filha de oito meses, fruto de um relacionamento anterior, e o rapaz registrou a criança como se fosse o verdadeiro pai. No dia 27 de julho do mesmo ano ele contratou um seguro de vida para a esposa, sendo ele e a filha dela beneficiários. Mas, o contrato só vigorava do dia 31 de julho até 9 de agosto, quando o casal estaria viajando para o Chile. A acusação sustenta que o contrato de seguro fazia parte do plano do assassinato da jovem.

Ainda segundo a acusação, Luciane, sem desconfiar do plano, seguiu viagem com Smolareck no dia 31 de julho até Santiago, onde ambos se hospedaram em um hotel.

Por volta das 23h30 do dia 4 de agosto, após deixar o hotel usando um veículo Nissan, locado, Smolarek levou sua mulher até o local do assassinato e teria desferido contra ela vários golpes de tacos de beisebol que a atingiram na cabeça, no tórax e nos membros. “No inquérito instaurado pela Justiça do Chile, Smolareck já figurava como principal suspeito. Como ele fugiu para o Brasil após registrar o desaparecimento de Luciene, as leis daquele país não permitem julgamentos à revelia. Se fosse julgado no Chile e condenado, a pena era de morte”, explicou o assistente de acusação, Dálio Zippin Filho.

Alguns anos após o crime, o advogado e a família da vítima conseguiram fazer com que a Justiça aceitasse o pedido para que Smolareck respondesse no Brasil pelo crime do qual é acusado.

Defesa

No ano passado, o advogado de defesa de Smolareck, Osmann de Oliveira, solicitava à Justiça que seu cliente não fosse levado a júri popular pela Justiça comum, alegando que seu caso deveria ser tratado pela Justiça Federal. “O Tribunal de Justiça julgou competente, baseado no princípio da internacionalidade. Este assunto está encerrado”, salientou Osmann de Oliveira.

O defensor disse que irá conversar com seu cliente para analisar se pede o adiamento do julgamento ou não. “Nos próximos dias teremos novidades. Por enquanto não posso adiantar o assunto”, prometeu Oliveira.

Em entrevista exclusiva dada à Tribuna, em meados do ano passado, na Prisão Provisória de Curitiba (Ahú), onde permanece recolhido, o acusado voltou a alegar inocência e disse que gostaria muito de ser julgado no Brasil, para poder provar que nada teve com a morte da mulher. Em sua versão, naquela noite Luciene não se sentiu bem e ele a deixou na porta do hotel, após o jantar, saindo em seguida de carro. Quando retornou, já não encontrou mais a jovem. Passados três dias retornou ao Brasil e algum tempo depois de sua volta, o cadáver dela foi encontrado na periferia da capital chilena.

Smolareck também está preso por falsificação de documentos e fraude, já que é acusado de locar carros no Brasil e vendê-los no Paraguai.

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