“Ações com a RMC serão grande desafio”

Na série especial de reportagens sobre as medidas a serem adotadas pelo futuro prefeito de Curitiba, no que diz respeito à segurança pública e redução da violência urbana, o Paraná-Online traz hoje ao leitor a entrevista com o “prefeiturável” Beto Richa. Durante uma tarde na redação, Richa respondeu às perguntas formuladas pelos jornalistas Rafael Tavares, Mara Cornelsen, Valéria Biembengut e Patrícia Cavallari. Candidato da coligação PSDB, PSB, PDT, PP, PSL, PAN, PTN, PRONA, ele enfatizou a necessidade de ações conjuntas entre a Guarda Municipal e os demais organismos de segurança (Polícia Civil e Polícia Militar), bem como parcerias com as prefeituras da Região Metropolitana no combate à criminalidade. Essa semana já publicamos as entrevistas com Rubens Bueno e Mauro Moraes. Amanhã será a vez de Osmar Bertoldi, do PFL.

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: O que você pensa de Curitiba em termos de segurança e violência? Qual é o desafio que você vai enfrentar caso seja eleito?
Beto Richa: A principal preocupação hoje das famílias curitibanas é em relação aos crescentes índices de criminalidade. É responsabilidade e atribuição constitucional dos governos federal e estadual, mas como prefeito não vou cruzar os braços diante desta grave situação. Primeiro cobrando do governador do Estado mais investimentos em segurança pública. Tenho dificuldades em acreditar que o governador não se sensibilize com praticamente um terço dos paranaenses que moram na grande Curitiba e que merecem ter investimentos nesta área. Fui candidato ao governo do Estado e lembro que o governador prometeu aumentar o efetivo de policiais na nossa cidade. E essa é a primeira ação: cobrar do governo do Estado mais investimento em segurança pública.

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: Você acha que vai ter dificuldade nisso?
Beto Richa: Não creio. Mesmo porque embora tenhamos divergências profundas, políticas e partidárias, existe um respeito mútuo. Tenho certeza que, sendo eleito prefeito, terei um bom relacionamento com o governo do Estado e espero que ele trate o prefeito Richa, pelo menos um pouco parecido, com que o governador Richa tratou o prefeito Requião.

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: E quanto à Guarda Municipal, pretende aumentar o efetivo?
Beto Richa: Hoje temos 1.300 guardas municipais. Existe uma defasagem de mais de mil. Vamos contratar mais guardas municipais, treinando-os e capacitando-os melhor. Vamos buscar ações integradas da Guarda Municipal com as polícias Civil e Militar, para termos um trabalho mais eficaz no combate ao crime.

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: Esta integração seria de informações?
Beto Richa: De informações e ações, que aconteceriam através do uso de tecnologia e informações on-line. Sistemas eletrônicos de vigilância, através das câmeras de monitoramento. Já foram instaladas na Rua XV e tiveram um bom resultado, aproximadamente reduziu em 75% o número de delitos. Vamos instalá-las em pontos de maior fluxo e movimento de pessoas e onde tenha um grande número de ocorrência de delitos. Temos a noção de que, ao instalar as câmeras num determinado ponto, os assaltantes vão para outra localidade. Mas, enfim, precisamos fazer isso.

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: Que tipo de ação e função você pretende dar à Guarda Municipal, além de cuidar do patrimônio público, que é sua atribuição constitucional?
Beto Richa: Cuidar do maior patrimônio, que é a vida. Vamos treinar e capacitar melhor os nossos guardas para que estejam aptos a combater também o crime, fazendo rondas em locais de risco e de maior ocorrência de delitos. Vamos estudar bem as ações a serem implantadas para que tenhamos uma eficácia maior na ação policial.

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: Como vice, você se preocupou com segurança durante a sua gestão?
Beto Richa: Eu não tive esta oportunidade. Quando a tive, fiz a minha parte, defendi de forma intransigente o interesse público. A maior prova disso foi na última vez que assumi a Prefeitura, quando baixei a tarifa de ônibus. No mais, não tive oportunidade de opinar nesta gestão.

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: Um dos principais problemas de Curitiba, hoje, são os assaltos em semáforos, principalmente no centro da cidade, Batel. Você tem algum projeto para que o motorista curitibano se sinta mais seguro?
Beto Richa: Não dá para colocar um guarda em cada esquina para evitar isso. Eu sou responsável. O importante é que nós estamos mapeando o crime na cidade, identificando os pontos de maior ocorrência e ali nós vamos procurar colocar os guardas municipais para oferecer mais segurança para a nossa população.

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: Um dos pedidos da população curitibana é a volta dos módulos da Polícia Militar. Você pretende reativar os módulos dentro da parceria entre a Guarda Municipal, a Polícia Militar e a Polícia Civil?
Beto Richa: Quero também fazer um apelo ao governador de que estes guardas que hoje estão na cidade possam continuar depois das eleições. Sei que estão em treinamento. Os módulos existiam no governo José Richa, quando o Requião era prefeito. Integrava o policial à comunidade e dava sensação de segurança. Acho uma boa idéia, tem que ver a viabilidade financeira da instalação destes módulos, mas é um assunto que vamos estar também conversando com o governador para que possa fazer pelo menos um estudo dessa possibilidade de reimplantação.

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Você falou que levantou pontos críticos de bolsões de pobreza. Muitos deles fazem parte da Região Metropolitana. Como você pensa em trabalhar com as administrações para coibir isso.
Beto Richa: Temos 241 áreas de ocupação na cidade. O maior desafio do próximo prefeito serão as ações integradas com a Região Metropolitana. Os problemas são os mesmos. Vamos criar consórcios intermunicipais de serviços públicos. É uma possibilidade que está contemplada no Estatuto das Cidades e que vamos fazer com a segurança. Não adianta tratar de assuntos especificamente de Curitiba. Vamos resolver o problema desta maneira.

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: Para o centro da cidade, qual é o seu projeto?
Beto Richa: Instalar câmaras de monitoramento, recuperar os espaços degradados, as nossas praças centrais, que precisam de melhor iluminação. Em relação aos pontos de tráfico, de prostituição, bares que não vêm cumprindo com a sua função, vamos trabalhar rigorosamente com fiscalização e, se for preciso, cassaremos o alvará desses estabelecimentos.

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: As construções inacabadas hoje são um grande problema.
Beto Richa: Vamos ter fiscalização rigorosa, com multas pesadas às construtoras que deixam obras inacabadas e acabam servindo de refúgio para assaltantes e traficantes de drogas. É muito fácil. É só fiscalizar e procurar o proprietário dessa construção inacabada, exigindo dele uma proteção desta obra. Ele terá que dar seqüência ou até destruí-la para que não sirva mais de refúgio para esses criminosos.

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: Uma de suas propostas é estabelecer horários de funcionamentos para bares. Que horário seria esse?
Beto Richa: Especificamente ainda não temos. Existe esta necessidade, especialmente próximo às escolas. Cada lugar tem uma realidade diferente.

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: A gente vê o povo desacreditado. Para colocar em prática muitas de suas idéias você vai precisar muito da população, da comunidade, para interagir com a Prefeitura. Há alguma tática especial?
Beto Richa: Acho que não existe nenhuma dificuldade, a população é parceira, o que falta é abrir as portas da Prefeitura. Eu sinto muito isso quando ando na cidade. É impressionante o distanciamento dos governantes e das pessoas que têm idéias, querem apresentar críticas e não conseguem. Quando eu assumi a Prefeitura, no final do ano passado, fiz audiências públicas nas oito regionais. É impressionante a satisfação das pessoas, da gente estar ali, próximo delas, ouvindo, dando oportunidades.

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: Com relação aos radares, o que você pretende fazer?
Beto Richa: Vou mudar radicalmente. Ninguém discorda que temos que ter mecanismos de controle de velocidade para preservar a vida. Agora, o que me revolta, são os radares arapuca, escondidos atrás de árvores ou de postes para pegar o motorista desprevenido e enfiar a mão no bolso dele. Onde houver a necessidade, eles serão identificados, sinalizados e vamos implantar no asfalto sonorizadores para alertar a presença de um radar.

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: Você já foi multado?
Beto Richa: Já. E guardava a minha multa paga na gaveta. Volta e meia vinha alguém pedir para tirar a multa, eu tirava e dizia: “Eu paguei a minha”.

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