Não há nada a estranhar no reatamento das boas relações entre PSDB e PFL quanto à coligação para a campanha presidencial que se avizinha. O governador Geraldo Alckmin e o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, acertaram os ponteiros na última sexta-feira e, agora, aguarda-se a indicação do nome do candidato a vice-presidente.

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Repete-se, portanto, o cenário dos dois mandatos de FHC, cujo vice-presidente foi o pefelista pernambucano Marco Maciel. A especulação inicial apontava para o senador José Agripino, ex-governador do Rio Grande do Norte, uma das figuras mais expressivas da oposição ao governo Luiz Inácio, como virtual ocupante da vaga.

É velha a tática desarquivada pelos tucanos no afã de sensibilizar o eleitorado de uma vasta região do País, o Nordeste, dando lugar na chapa presidencial a um político de projeção e, melhor, se o indicado pode apresentar como credencial o fato de ser herdeiro de comprovada tradição oligárquica.

O próprio Lula desenvolve o mesmo raciocínio e agiu assim ao escolher o industrial mineiro José Alencar para ganhar consistência, o que parece inviável ou extremamente incômodo nessa campanha, tendo em vista a independência de idéias sobre política econômica do vice-presidente.

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Nesse sentido, o PMDB passou a ser a linha auxiliar preferencial do Palácio do Planalto e seus operadores no Congresso, curiosamente não os líderes do PT, mas o quarteto Sarney-Calheiros-Suassuna-Barbalho, renitente célula governista incrustada no partido.

Como as prévias de 19 de março não terão os resultados homologados, o partido provavelmente não terá alternativa senão compor com o PT e figurar na vice-presidência – haverá surpresa? – com o atual presidente do STF Nelson Jobim, prestes a se aposentar e desejoso de encarar novo desafio.

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O PSDB tenta agradar o Nordeste onde Lula tem maciça vantagem nas pesquisas de intenção de voto, enquanto o PT sonha com o companheiro de Lula vindo do Sul, trazendo respeitável bagagem de realizações na vida pública, como o político gaúcho. A fila começou a andar.