Via Campesina tem governador do Paraná como aliado

Entre os aliados táticos da Via Campesina destaca-se o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). Dias atrás, ao visitar um assentamento da reforma agrária no município gaúcho de Tapes, acompanhando o presidente venezuelano, Hugo Chávez, ele foi saudado como companheiro. João Pedro Stédile, líder do MST e representante do Brasil na Via Campesina disse: "Requião é nosso amigo de longa data nessa batalha."

A aliança de Requião com a Via Campesina se consolidou quando ele se opôs ao uso de sementes transgênicas no território paranaense. Na mesma ocasião criticou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por não fazer o mesmo em todo o País e atacou a Monsanto – a empresa de capital americano que detém a patente das principais variedades de sementes transgênicas de soja, milho e algodão. O governador acusou a empresa de contaminar a produção nacional com suas sementes, para disseminar o uso de transgênicos e aumentar dessa maneira o recolhimento de royalties. Isso teria colocado em risco uma rica variedade de sementes de soja desenvolvidas no Brasil.

Foi um discurso afinadíssimo com o do MST e da Via Campesina, que acusam a Monsanto de impor os transgênicos ao mundo e impedir o uso de sementes desenvolvidas por produtores rurais e institutos de pesquisa de cada País. Neste ano o MST deve pôr em andamento um campanha contra os transgênicos em áreas urbanas, para dizer à população que ainda não há pesquisas suficientes para saber se os transgênicos causam ou não algum tipo de mal ao organismo. "Queremos mostrar que estão comendo porcarias sem saber disso", adiantou Stédile num encontro do movimento.

Esta aliança entre o governador e os sem-terra tem alcance limitado. O Paraná é um dos maiores produtores de grãos do País – e um dos Estados onde o agronegócio está mais desenvolvido. Ele é, aliás, um dos pilares da economia paranaense e Requião freqüentemente cita números de produção agrícola e participação no comércio exterior como sinal de progresso e desenvolvimento.

Isso coloca o governador em oposição ao MST e à Via Campesina, para quem agronegócio é sinônimo de neoliberalismo, que é sinônimo de capitalismo desregulamentado, que é sinônimo de inimigo número um. "Precisamos acabar com o capitalismo antes que ele acabe com o mundo", disse o mesmo Stédile ao conclamar à luta os militantes da Via Campesina em Porto Alegre.

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