Vendas de CDs caíram 21,7% no ano passado

Não é a toa que a indústria fonográfica está abraçando novas formas de vender música, ainda que de forma tardia. As vendas do setor caíram expressivamente em 2005 em relação ao ano anterior. No segmento de CDs musicais, a queda foi de 12,5% em valores faturados e de 21,7% em unidades vendidas, segundo a ABPD, associação que reúne as gravadoras.

De um lado, a indústria briga com a pirataria física, que avança também no mercado de DVDs musicais e, de outro, com o compartilhamento de arquivos pela internet, que se tornou uma verdadeira febre entre os internautas desde o fim da década de 90.

Com um atraso de pelo menos três anos em relação ao início das vendas de música pela internet pelo serviço iTunes, da Apple, as grandes gravadoras finalmente cederam ao mundo digital e estão oferecendo música no formato MP3 para download no Brasil. O serviço, claro, é pago. As gravadoras se preparam para o fim da era do CD com capinha e encarte, previsto para no máximo dez anos.

Na sexta-feira, a Warner anunciou a criação de uma loja virtual para download de canções de seus artistas, em parceria com o iMusica, site que já oferecia esse serviço no mercado, ainda que com pouca repercussão. Em junho, entrou em operação o UOL Megastore, site com o mesmo objetivo – vender música avulsa, por um preço médio de R$ 2,49 a faixa. O valor é definido pelas gravadoras e é próximo ao da Apple – US$ 0,99, considerado caro para o bolso dos brasileiros.

?A verdade é que a indústria de discos não inovou seu modelo de negócios na hora que deveria ter feito e agora está apostando no modelo da Apple. Mas os preços ainda estão incompatíveis com a renda do brasileiro?, afirma Ronaldo Lemos, professor da Fundação Getúlio Vargas e especialista em direitos autorais.

João Marcello Bôscoli, da gravadora Trama, tem opinião semelhante. ?A indústria está fazendo isso a contragosto, com um verniz de modernidade?, diz. A Trama, que licencia artistas como Otto, Nação Zumbi e Tom Zé, vende música digital em sites como o iTunes, iMusica e Yahoo, mas no seu próprio site optou por oferecer download gratuito.

Hoje, metade da receita da empresa vem da venda de CDs físicos e metade da promoção de eventos envolvendo os artistas.

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