O empresário Marcos Valério Fernandes Souza disse em seu depoimento à CPI do Mensalão que o ex-ministro da Casa Civil, deputado José Dirceu, não lhe deu garantias pessoais para os empréstimos, mas que essa garantia teria sido feita pelo ex- tesoureiro, Delúbio Soares, "Se me perguntar se o aval do ex-ministro José Dirceu foi dado a você (a ele, Valério), eu digo que não. Mas foi confirmado para mim, através de Delúbio Soares", afirmou.

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Segundo ele, Delúbio dava como garantia para os empréstimos, além da arrecadação anual do PT de R$ 50 milhões, o dobro do valor, com a participação de novos filiados no governo Lula.

"Ou seja, não eram doações", disse. Além disso, informou tinha o aval do Delúbio "que cansou de me falar que José Dirceu sabia das operações", disse Valério. O empresário disse que ficou com receio de recusar o pedido dos empréstimos pelo partido do governo e ser prejudicado.

"Se o chefe de sua empresa lhe pede um empréstimo, fica difícil você negar. Eu não tinha condições de negar", disse, em resposta a uma das indagações do relator, Ibrahim Abi Ackel (PP-MG).

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Ele disse que apesar de suas duas agências terem participado da campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais, elas não prestaram serviço ao governo Itamar Franco, que derrotou o candidato tucano. Valério citou quatro contratos de suas empresas com o governo federal: Banco do Brasil, Eletronorte, e Ministério do Trabalho (DNA) e Ministério do Esporte (SMPB).

Sobre a renovação de contratos no governo Lula, Valério disse que os contratos foram renovados dentro da lei e que a lei permite a renovação em até cinco anos. "Temos que ressaltar que isso não é privilégio de minhas empresas. Outras sofreram também aditivos. E posso citar outras, que vem desde o governo Fernando Henrique", afirmou.

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Mais uma vez o empresário pediu desculpas por não ter fornecido todas as informações à CPI dos Correios, mas disse que foram reveladas depois ao Procurador Geral da República, Antonio Fernando Souza. Segundo ele, na conversa com o procurador entregou a lista dos sacadores e os comprovantes de alguns saques que conseguiu resgatar.

Valério disse que está encaminhando hoje à PF a contabilidade de suas empresas nos últimos cinco anos e que essa documentação será entregue à Procuradoria Geral e à CPI.

O empresário confirmou ainda o pagamento de R$ 185 mil ao advogado e ex-procurador-geral, Aristides Junqueira. "Eu não sei para que foi o pagamento. Eu recebi a ordem para pagar".