Valério ataca Duda Mendonça na CPI do Mensalão

Brasília (AE) – O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza não perdeu nenhuma oportunidade, durante seu depoimento à CPI do Mensalão, de atacar Duda Mendonça, marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de ter confirmado que deu R$ 15,5 milhões a Duda por supostos serviços prestados ao PT Valério revelou que, em 1998, pagou R$ 4,5 milhões ao publicitário baiano pela campanha do ex-governador e hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB) em Minas. Por fim, procurou caracterizar Duda como detentor de contas milionárias no governo: "Eu trocaria todas as minhas contas pelas contas que o Duda Mendonça tem hoje."

Pouco antes, Valério tinha dito que as agências que comandam campanhas vitoriosas são beneficiadas com contratos polpudos no poder público. "A DM-9 (do publicitário Nizan Guanaes) fez no passado a campanha do Fernando Henrique Cardoso e atendeu às contas do governo. O Duda Mendonça fez a campanha do Lula e atende às melhores contas do governo", comparou. "Eu queria ter a conta do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal."

Ao comentar que fez um grande esforço para manter como cliente a empresa Telemig Celular, que poderia ser comprada pela Portugal Telecom, Valério alfinetou mais uma vez o concorrente. "Só com a conta da Brasil Telecom Duda Mendonça faturou mais de R$ 200 milhões, em 2003."

Recibo – Marcos Valério entregou à CPI cópia do recibo de R$ 4,5 milhões pagos a Duda em 1998. Sobre os R$ 15,5 milhões disse que recebeu orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para fazer o pagamento, mas não sabia a quais serviços se referia. "Recebi autorização para pagá-lo, mas não sei para quê. Era a intimidade deles lá."

No depoimento, Valério chegou a agradecer a alguns parlamentares, como o deputado tucano Eduardo Paes (RJ) e a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), pela "cordialidade" com que trataram a sua mulher, Renilda, na CPI dos Correios.

Apesar de falar baixo e pacientemente, em alguns momentos ele deu respostas ríspidas. Foi o que ocorreu ao ser indagado se tinha queimado documentos. "Burro eu não sou. Eu seria preso por destruição de provas. Nunca fiz isso."

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