União Européia não se compromete a implantar indústria no Brasil

Em carta encaminhada hoje (24) ao governo brasileiro, a União Européia (UE) não assume um compromisso explícito de instalar no Brasil uma fábrica de semicondutores. A implantação dessa indústria, para a produção de chips usados em televisores digitais e de tela de cristal líquido, estaria condicionada à conclusão favorável de estudos de viabilidade que levariam um ano para serem concluídos. Esses estudos seriam uma de quatro etapas propostas no documento para a definição do investimento.

O desenvolvimento de uma indústria de semicondutores é uma das contrapartidas esperadas pelo governo brasileiro para decidir que padrão de TV digital será adotado no País: o europeu, o japonês ou o americano. O embaixador da UE no Brasil, João Pacheco, que assina a carta, disse hoje que duas das principais empresas fabricantes de semicondutores no mundo, a ST Microelectronics e a Philips "têm disposição" de se instalar no Brasil.

Pacheco ressaltou, no entanto, que para isso, é necessário cumprir as quatro etapas. O primeiro passo seria o treinamento de mão-de-obra especializada, seguido de análise das condições de viabilidade econômica e da definição do ambiente de negócios. A última etapa seria a implantação propriamente dita da fábrica. "O que nós podemos dizer hoje é que por parte das empresas há a intenção de avançar nessa direção", disse o embaixador em entrevista coletiva.

"Não só as empresas estão dispostas a criar a inteligência, o conhecimento aqui no Brasil, e desenvolver isso, como também estão dispostas a comprar a produção do Brasil, a produção dessas fábricas", afirmou. Ele disse que um dos anexos do documento encaminhado à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e que não foi divulgado à imprensa, contém detalhes mais concretos da proposta, mas que se trata de ofertas industriais confidenciais.

Essas ofertas foram apresentadas pelas empresas que integram a Coalizão DVB, formada pela ST Microelectronics, Phillips, Nokia, Thomson, Rohde&Schwarz e Siemens. Segundo o embaixador, neste anexo constam valores de eventuais investimentos que seriam feitos para a instalação de uma fábrica, mas ele não quis revelar de quanto seriam. "Traz algumas indicações de possíveis investimentos e definições mais concretas sobre esses possíveis investimentos. E por essa razão é confidencial."

As estimativas do governo brasileiro para a instalação dessa fábrica vão de US$ 400 milhões a R$ 2,5 bilhões, dependendo tamanho da indústria e do tipo de semicondutor que se pretende produzir. "Se o estudo de viabilidade for positivo, as empresas manifestam a sua intenção de efetivamente investir", acrescentou Pacheco.

Na carta, a UE reafirma a intenção de abrir linhas de financiamento, do Banco Europeu de Investimentos, superiores a 400 milhões de euros, para viabilizar a implantação da TV digital. Sem revelar o montante, Pacheco disse que outros investimentos poderiam ser feitos no Brasil pelos países que compõem a UE e por empresas européias.

A UE também reforça o compromisso, já anunciado antes, de implantar uma cooperação em projetos de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias na área de semicondutores. E oferece a possibilidade de incorporar no padrão europeu avanços tecnológicos desenvolvidos no Brasil, além de dar ao País assento no conselho diretor do Fórum DVB.

O embaixador disse que vai convidar a comitiva de ministros que vai ao Japão para passar pela Europa e visitar as fábricas do consórcio DVB. "Assim dá para falar com os dois lados", afirmou. Hoje, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou que ele Dilma Rousseff e o ministros da Fazenda, Antonio Palocci, vão negociar com governos e empresas japonesas e coreanas a instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil.

Voltar ao topo