Uma esperança que se renova

Ano novo, vida nova. A frase é batida, desprezada por alguns, mas um espécie de alimento à esperança da grande maioria dos ocidentais. Quando bate a meia-noite, do último dia de um ano, é como se o tempo estivesse dando uma nova chance a nós mesmos. Como se passássemos um borracha nos erros do ano que se encerra e plantássemos sementes de todos os nossos novos projetos.

O início de 2003 tem um significado especial para os brasileiros. Com o novo ano, assume o poder o novo presidente de República, Luiz Inácio Lula da Silva, o símbolo maior da oposição. Após três tentativas infrutíferas de chegar ao poder, em 2002 Lula alcançou a segunda maior votação direta para presidente, no mundo – perdeu apenas para o norte-americano Ronald Reagan. Por isso mesmo, alguns já o projetam como futuro populista, algo como foi Getúlio Vargas em seu tempo.

Em sua posse ontem à tarde, Lula pediu serenidade para governar. E este, certamente, será um ingrediente essencial na nova empreitada do governante. No Brasil, muita coisa está errada e não será de uma hora para outra que os problemas serão solucionados. Alta do dólar, instabilidade econômica, altas taxas de desemprego, alto índice de pobreza, educação em segundo plano e violência em patamares assustadores são questões que terão de ser resolvidas em doses homeopáticas, para que as soluções tenham durabilidade. Por isso mesmo, os brasileiros até podem imbuir-se de esperanças, mas deve haver a consciência que toda a transição é difícil. E milagre em política é utopia. No entanto, a simples chance ao novo, ao diferente àquelas medidas e posturas que não vinham mais surtindo o efeito que os brasileiros almejavam, já aumentam as expectativas de dias melhores.

Guardadas as devidas proporções, a nova mudança no comando do País é como as mudanças que acontecem no início de temporada dos clubes de futebol – como repórter esportiva, não havia como fugir do assunto. Quando um time tem alguns tropeços ao longo do campeonato, a torcida exige mudanças e acaba forçando os clubes a mudarem. Treinador novo, jogadores novos e esperança de que os erros não se repitam e que seja trilhado o caminho do sucesso. Na administração do País é mais ou menos isso que está acontecendo. Os aspectos negativos dos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso fizeram com que o povo – a grande torcida – exigissem um fato novo, um novo comandante. Lula foi eleito pela grande maioria e já escalou seu time de auxiliares, que entram em campo a partir de agora. Se a jornada de quatro anos será bem sucedida, só o tempo irá mostrar. Resta aos brasileiros se vestirem do verde da esperança e torcerem para o sucesso do Brasil também fora dos gramados, onde a glória já deixou sua marca.

Gisele Rech

(badalacao@parana-online.com.br) é repórter esportivo de O Estado.

Voltar ao topo