Uma alternativa ao Anel

Antes de “desatar o nó” do pedágio, o governador Roberto Requião anunciou, logo nos primeiros dias de seu mandato, um amplo programa de recuperação de rodovias, como alternativa ao famigerado Anel de Integração. Entre as estradas contempladas estão dois símbolos do abandono do sistema viário paranaense: a PR-090 (Estrada do Cerne), que liga Curitiba ao Norte do Estado, e a BR-487 (Estrada Boiadeira), que corta o Estado entre a região dos Campos Gerais e o Noroeste.

As duas rodovias têm uma característica em comum: ambas possuem trechos não pavimentados. No caso da Estada do Cerne, o asfalto inexiste entre Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, e Piraí do Sul, nos Campos Gerais. A pavimentação do trecho de terra, antiga reivindicação dos moradores da região, e a recuperação do pavimento no restante da rodovia vai criar uma via alternativa de acesso a Londrina, já que a PR-090 passa por Jataizinho.

Também antiga é a luta dos moradores do Noroeste do Estado para a pavimentação da Estrada Boiadeira entre a localidade de Nova Brasília (no município de Araruna) e Cruzeiro do Oeste. Essa ligação reduziria a distância rodoviária entre Curitiba e Umuarama. A BR-487 ainda não tem asfalto nos trechos entre Cruzeiro do Oeste e Icaraíma, no Noroeste; entre a localidade de Três Bicos (em Cândido de Abreu) e Ivaí; e entre a localidade de Bom Jardim do Sul (em Ivaí) e Ipiranga. Entre os trechos pavimentados, um dos que está em situação mais crítica é o que liga Nova Tebas a Três Bicos.

Há diversas outras rodovias em más condições no Estado, mas a iniciativa de recuperar a Estrada do Cerne e a Boiadeira é um bom começo. A revisão das tarifas de pedágio, a maior fiscalização nas concessionárias do Anel e a recuperação das outras estradas poderão ser os próximos passos.

Longe de ser uma mazela exclusiva do Paraná, a deterioração da malha rodoviária já se tornou um mal crônico no País. Há várias razões para isso. Uma delas foi o pouco investimento no transporte ferroviário. Com nossas dimensões continentais, temos uma malha ferroviária menor que a da minúscula Bélgica. Caminhões transportam produtos que poderiam muito bem ser levados de trem, o que aliviaria o desgaste das nossas rodovias.

Além disso, o Brasil adotou o modelo rodoviário americano, baseado na pavimentação asfáltica. Especialistas garantem que o pavimento rígido, de concreto, adotado em países como a Alemanha, garante maior durabilidade e segurança, reduzindo drasticamente o custo de manutenção das estradas. Rodovias como a Rio-Teresópolis (RJ) e a estrada que corta a Serra do Rio do Rastro (SC) são raros exemplos de estradas brasileiras pavimentadas com concreto. Nelas, pode-se comprovar as vantagens do uso do concreto. Enquanto o asfalto mal resiste a quatro anos de uso, o pavimento rígido resiste ao tráfego intenso por décadas.

Ari Silveira (ari@pron.com.br) é chefe de reportagem em O Estado

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