Um policial padrão

Oficial da Polícia Militar, serviu na mais alta Corte de Justiça do Estado. Exemplo de retidão e fidelidade. Discreto e solícito, costuma cumprir seu dever com aquele algo mais de quem quer sempre fazer o melhor, de quem aprendeu, desde cedo, a usar o cargo público para servir e não para ser servido.

Extremamente educado, sem qualquer afetação, procura atender a todos com fidalguia. Conhece – e pratica – como ninguém as normas de boas maneiras. Quando um Magistrado passa por ele, mesmo à distância, levanta-se e faz continência. Mesmo depois de aposentar-me, continuo a merecer dele a reverência que sempre me devotou quando eu atuava na jurisdição. Diligente e operoso, jamais deixa escapar um só queixume, uma só reclamação.

Quando alguém se aproxima para falar com ele, levanta-se imediatamente, em sinal de respeito. Infelizmente, quão poucos conhecem essa regra de civilidade! O que mais se vê é a autoridade dirigir-se ao subalterno e este continuar bem sentado, sem a menor cerimônia…

Faz tempo que venho sentindo sua falta. Postura adequada. Uniforme impecável. Homem de poucas palavras, sempre tem, no entanto, algo importante a dizer. Dia desses, perguntei por ele. Disseram-me que tinha pedido transferência para outra cidade. Talvez razões particulares, familiares ou financeiras, quem sabe, tenham-no arrebatado para longe de nosso convívio. Perdemos nós. Ganha sua nova comunidade. Ganham seus novos amigos e colegas de corporação.

Não me perguntem o nome dele. Não vou dizer, para não provocar o grupo – como zelosamente adverte minha doce Tereza. Mesmo porque não estou muito certo se deveria nominá-lo, relegando outros companheiros de farda, que serviram na mesma época, não menos gentis e generosos, também merecedores de minha admiração. Não quero ser injusto com eles.

De qualquer modo, tomo-o como paradigma, como exemplo para os jovens oficiais que vêm aí, egressos das academias. Exemplo vivo de integridade, honradez e dedicação! Ele, realmente, gosta do que faz. E é feliz, sim senhor, por ser assim.

Obrigado, Tenente! Onde quer que você esteja, que Deus o abençoe, a você e sua família. Jamais esquecerei as gentilezas que de você recebi. Daqui, estarei torcendo por seu sucesso na carreira. Receba minha gratidão, meu respeito e minha amizade!

Albino de Brito Freire

é juiz de Direito aposentado, professor da Escola da Magistratura do Paraná e membro da Academia Paranaense de Letras

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