UDR faz dossiê sobre conflitos e dá apoio a fazendeiro de Camaçari

A União Democrática Ruralista (UDR), entidade que defende os fazendeiros, está preparando um dossiê com a versão dos produtores rurais sobre os conflitos que vêm acontecendo no campo. O objetivo, segundo o presidente Luiz Antonio Nabhan Garcia, é oferecer uma segunda visão acerca dos eventos, em contraposição à versão apresentada à sociedade pelos órgãos ligados aos movimentos sociais, como os relatórios da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

O documento será enviado às lideranças de bancadas no Congresso Nacional, a órgãos do Poder Judiciário e ao relator da CPI da Terra, senador Álvaro Dias (PMDB/PR). Hoje Nabhan decidiu incluir no dossiê a versão do delegado Tadeu Moreira Caldas Vianna Braga, dono da fazenda Monte Cristo, em Camaçari, na Bahia, onde 60 pessoas ficaram feridas num confronto entre sem-terra e seguranças da propriedade, na segunda-feira.

O ruralista recebeu um relatório sobre o caso e considerou “absurda e surreal” a situação do fazendeiro. “Ele é delegado de polícia, proprietário, produtor rural e pagador de impostos, mas foi posto para fora e não pode entrar na fazenda. A Polícia Militar está lá dentro, com ordem de proteger os invasores que estão destruindo a propriedade.”

Apoio

Segundo Nabhan, o caso ilustra bem a situação “gravíssima” que vem vitimando o produtor rural. “A lei é aplicada do avesso, para proteger o criminoso.” A fazenda do delegado Tadeu Braga, no litoral norte da Bahia, tem 897 hectares e, numa parte, o fazendeiro cria búfalos, gado bovino, ovino e eqüino, e planta mamão e maracujá. Mas a maior parte das terras está coberta com mata atlântica, ecossistemas ameaçado e protegido por lei federal.

Após a primeira invasão, em março de 2000, o Incra notificou sobre uma vistoria para a reforma agrária. Braga pediu apoio à SOS Mata Atlântica e solicitou manifestação do Ibama sobre o interesse ambiental da área. O laudo atestou trata-se de “área de extrema importância e passível de tombamento”, não se prestando à reforma agrária.

Com base nele, o dono obteve uma medida cautelar proibindo o Incra de vistoriar a fazenda. Em março deste ano, a propriedade voltou a ser invadida. A liminar de reintegração de posse, obtida de forma imediata pelo fazendeiro, levou 40 dias para ser cumprida.

Cinco dias depois, os sem-terra voltaram com 300 militantes. O despejo demorou outros 90 dias. No dia 5 deste mês os sem-terra retornaram em dois caminhões, usados para arrombar o portão. Segundo relato do fazendeiro, “eles chegaram atirando e jogaram um coquetel molotov sobre a casa, que ficou crivada de balas”. Ele foi à periferia de Salvador e arregimentou os 70 homens para expulsar os sem-terra.

Braga relatou ter sido recebido a bala e houve reação. Ele mandou queimar os barracos dos sem-terra, depois de constatar que eles haviam incendiado três veículos que estavam no local. Segundo Nabhan, o fazendeiro agiu em defesa de sua propriedade, buscando, na omissão do Estado, meios próprios para defender seus bens.

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