Às vésperas da instalação da CPI do Apagão Aéreo, os deputados tucanos não conseguem se entender entre si em relação à presidência da comissão de inquérito. Enquanto o deputado Vanderlei Macris promete lançar amanhã sua candidatura de "protesto" para presidir a CPI, o líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), mostrou-se contrário à iniciativa de seu colega de partido.
"Não vejo nenhum sentido maior para uma candidatura de protesto" afirmou Pannunzio, depois de reunir-se com líderes partidários e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele argumentou que o regimento interno da Câmara é claro e que cabe ao PMDB, maior partido da Casa, presidir a CPI do Apagão Aéreo. "Se o PMDB não abrir mão de presidir a CPI, não dá para disputarmos o cargo", disse o líder tucano.
"Sabemos que regimentalmente não podemos presidir a CPI, mas vamos avaliar lançar a candidatura de protesto do Macris", observou o líder da minoria, deputado Júlio Redecker (PSDB-RS). "Estamos estranhando o governo tentar impor com quem fica a relatoria e a presidência da CPI. Por isso, há uma possibilidade de eu apresentar a minha candidatura", afirmou Macris.
Paralelamente às divergências internas na bancada, os tucanos também não conseguem se entender com os democratas sobre a CPI do Apagão Aéreo. O DEM (antigo PFL) ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar ficar com a relatoria da comissão de inquérito. Os democratas alegam que, juntos com o PSDB, são o segundo maior bloco da Câmara e, portanto, têm direito a indicar o relator da CPI. Os tucanos são contra essa proposta.
"É natural que haja essa divisão entre os partidos do governo e também na oposição. Isso é o prenúncio de 2010 que, com o fim da verticalização, abre espaço para divergência tanto no governo quanto na oposição", ponderou o vice-líder do DEM, José Carlos Aleluia (BA). Os democratas e tucanos também não chegaram a acordo sobre a ordem dos depoimentos na CPI. Enquanto o líder do DEM, deputado Onyx Lorenzoni (RS), quer chamar logo os diretores da Infraero para depor, Pannunzio defende que as investigações comecem pelo depoimento dos controladores de vôo.
Dos 24 integrantes titulares da CPI, 16 são indicados por partidos da base aliada. A oposição tem direito a oito representantes. "Não vamos fazer o jogo nem do governo nem da oposição de direita. Não vamos proteger ninguém. Até porque deve ter contrato superfaturado da Infraero na época do governo de Fernando Henrique Cardoso. Não tem como nós trabalharmos junto com essa oposição", afirmou a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), indicada como titular na CPI do Apagão Aéreo.
Colaborou João Domingos