Tributo ao fracasso

Com índices rasteiros de popularidade e credibilidade, raras vezes registrados na política paranaense, o governador Roberto Requião prossegue em sua deprimente campanha de achincalhe às instituições e, por óbvio, do mandato cívico que pela terceira vez os eleitores lhe concederam. Quem sabe estaria aí a explicação mais inteligível, abstraídas as causas fortuitas que a própria razão desconhece ou a provável dose industrial de premonição, de que a vitória de Pirro do governador se deu por mirrada margem de votos sobre seu antagonista, o senador pedetista Osmar Dias.

 A autêntica lipoaspiração verificada na soma de votos atribuídos a Requião, que no auge da arrogância alardeava possuir vantagem superior a um milhão de votos sobre os demais candidatos já no primeiro turno, quando quase passou para o segundo lugar, foi ainda mais dramática na segunda rodada de votação. Apenas cinco mil votos salvaram o pavão boquirroto da derrota, aliás, o que lhe seria altamente benéfico em termos de (re)aprendizado das lições de humildade, respeito aos semelhantes e, sobretudo, dos padrões civilizados de boa convivência com os que têm pensamentos divergentes.

 Caso a vitória de Requião tivesse ocorrido por apenas um mísero voto, nem assim a sociedade paranaense teria motivos para subtrair do eleito o apoio e a solidariedade para a realização de excelente administração. E, sem a menor dúvida, este foi o comportamento exemplar da cidadania, reconhecendo uma vez mais que os escassos votos que garantiram o terceiro mandato representavam, naquele momento, o primado democrático da vontade da maioria.

 Infelizmente esse não foi o contributo do governador Roberto Requião, cujo comportamento sofreu radical transformação para pior, pisoteando uma reconhecida imagem de probidade e zelo com os recursos do erário. Estão vivas na memória de todos os paranaenses as declarações despudoradas sobre a nomeação de irmãos e parentes próximos para cargos de alta remuneração na estrutura administrativa.

 Da mesma forma que ficaram sem resposta as denúncias de corrupção em vários setores do governo, dentre elas a compra – com acentuado sabor de escândalo – dos aparelhos alaranjados de televisão, por impressionante coincidência do maior doador de fundos da última campanha de Requião.

 Por esses dias, Requião tem se esmerado em tripudiar sobre a decisão da Justiça Federal quanto ao uso inconseqüente da TV Educativa, transformada em cloaca verbal pelos desatinos de um homem traído por seus inumeráveis fracassos.

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