Traficante Bem -Te-Vi morre em tiroteio com a polícia no Rio

Rio (AE) – Chefe do tráfico na Rocinha e o bandido mais procurado do Rio, Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, de 29 anos, foi morto na madrugada de hoje, dentro da favela, na zona sul, em uma troca de tiros com a polícia. Conhecido pela vaidade, que o levou a ter armas, cordões e pulseiras banhadas a ouro, e pelos contatos com jogadores de futebol, ele foi baleado durante a Operação Cavalo de Tróia. Três moradores ficaram feridos. Uma quarta pessoa, que, segundo a polícia, é integrante da quadrilha, morreu.

Bem-Te-Vi resistiu à prisão e foi morto às 3 horas, após uma hora de confronto, acossado nas proximidades do valão do Largo do Boiadeiro, na parte baixa da favela, informou a polícia. Ele estava acompanhado por seis traficantes armados de fuzil. Os criminosos usaram granadas contra dez policiais da 25ª DP, que estavam na linha de frente da ação. Na reação, tiros fatais foram dados na cabeça e no tórax do bandido, encontrado com uma pistola Glock 9mm dourada e um bracelete de ouro. Durante o tiroteio, o Túnel Zuzu Angel, que liga a zona sul à Barra, na zona oeste, permaneceu fechado e às escuras, assustando motoristas.

Moradores da comunidade também viveram momentos de muita tensão. O coordenador da operação, delegado Luiz Antonio Ferreira, da 25ª DP, contou que nunca viu tantos disparos na vida. Acionado para retirar o traficante e os policias da favela, o carro blindado da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) levou 40 minutos para sair do local, devido à intensa troca de tiros.

A madrugada de horror levou o comércio da Rocinha a fechar as portas durante o dia de hoje. Uma faixa preta foi colocada em uma das entradas da Rocinha, ocupada por cerca de 30 policiais militares. Para o diretor financeiro da associação de moradores local, Ivan Silva, o histórico da ação policial na comunidade se repete. "Sempre fazem vítimas inocentes."

Chefe da Polícia Civil, o delegado Álvaro Lins revelou que Bem-Te-Vi estava sendo monitorado havia quatro meses, em uma investigação que reuniu 200 homens da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, além da equipe da Baixada Fluminense, policiais da Polinter, da 38ª DP e da 15ª DP . Para descobrir a rotina do traficante, 17 telefones foram grampeados. Uma vez levantados seus hábitos, um imóvel próximo do local onde costumava circular nas noites de sexta-feira foi alugado.

Levado para o Hospital Souza Aguiar, Bem-Te-Vi chegou morto ao local. Outro baleado, Eduardo Jorge Dias de Menezes, de 24 anos, morreu pela manhã.

Bem-Te-Vi assumiu o comando do tráfico na Rocinha em abril de 2004, após a morte de Luciano Barbosa da Silva, o Lulu. Em um grampo autorizado pela Justiça, de teor divulgado em agosto, policiais interceptaram conversas telefônicas de Bem-Te-Vi com o pagodeiro Gerson Dupan e com jogadores de futebol, entre eles, o goleiro Júlio Cesar. Os nomes de Ronaldo e Romário foram citados por traficantes.

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