Trafiacantes ameaçam MST e sem-terra é assassinado no Oeste

Na última quarta-feira (29), por volta das 15 horas, foi assassinado o trabalhador rural Nelson de Souza, no assentamento 16 de Maio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no município de Ramilândia (PR). Nelson foi assassinado em uma tocaia com dois tiros na cabeça. O sem-terra deixou sua companheira Remia de Souza, com quem se casou há um ano e 6 meses.

O clima no assentamento na região é bastante tenso, devido à fraca atuação da policia. Mas a comunidade está comovida com o caso e espera justiça e punição aos responsáveis.

Narcotráfico

Desde o ano 2000, quando o MST interveio e os assentados conquistaram a área, bandidos tentam transformar a área em ponto de venda de armas e drogas. Segundo o MST-PR, após a emissão de posse, o trabalho unilateral dos funcionários do Incra provocou confusões no assentamento, despertando o interesse do poder público local em controlar os recursos dos assentados.
 
O assentamento fica próximo à fronteira com o Paraguai e Foz do Iguaçu, região fortemente controlada pelo narcotráfico, e o crime organizado tenta acabar com os princípios e regimento do assentamento.

Para isso, segundo o MST, os bandidos organizaram um grupo armado que veio de Foz do Iguaçu, articulado com pessoas do município de Ramilândia e promoveram vandalismo, destruindo duas casas na sede do assentamento em 20 de dezembro último. Nessas casas moravam lideranças do MST, como Maria Salete Bak da direção estadual do movimento. Os pertences da família foram despejados no pátio da prefeitura de Ramilândia e depois levados até a delegacia.

Também atiraram em uma casa onde funciona a escola do assentamento, nos carros que passaram por eles, seqüestraram pessoas e atiraram nos barracos dos assentados.

Autoridades locais

A policia local se negou a atender as denúncias, segundo a direção do MST. A conseqüência da impunidade foi que, no dia 22 de dezembro, reuniu-se um grupo armado, entre eles estaria o prefeito do município, o secretário de administração e o assistente de segurança, quando delataram os nomes dos coordenadores do assentamento para os bandidos. A orientação era matar, pois as autoridades providenciariam cobertura para o crime.
 
Nesse mesmo dia, foi dado o toque de recolher para as famílias: ninguém podia andar nas estradas do assentamento das 19h às 6h da manhã, pois eles iriam fazer rastreamento na área. Nessa noite deram tiros, mataram animais dos assentados e ameaçaram as famílias que consideravam inimigas.
 
O MST denuncia que a estrutura usada pelo grupo era do município, pois a primeira-dama teria fornecido a alimentação. A administração municipal divulgou que o tumulto era resultado de conflito interno entre os assentados.

Apoio

Devido ao clima de guerra, as famílias pediram apoio aos outros assentamentos e acampamentos da região. No dia 14 último mobilizou em torno de 700 pessoas contra o que estava acontecendo no assentamento. No final da tarde, os manifestantes foram em marcha até a sede do assentamento, para dar um basta e chamar a atenção das autoridades responsáveis.
 
Também estiveram no local representante da Ouvidoria Agrária e do Cope (Centro de Operações Especiais de Curitiba). Na ocasião foi entregue uma arma de calibre 12 automática apreendida com os bandidos e cartuchos usados pelos bandidos para assustar as famílias.

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