Trabalhadores de quatro fábricas da Volkswagen vão às ruas amanhã para protestar contra as 5.700 demissões que o grupo pretende realizar no País. Metalúrgicos de duas unidades – São Bernardo do Campo e São José dos Pinhais (PR) – aproveitam para uma reclamação extra: pela primeira vez eles não serão dispensados para assistir aos jogos do Brasil na Copa.

continua após a publicidade

Em cerca de 300 mil panfletos que serão entregues em pontos de grande concentração na capital paulista, como Praça da Sé e estações de metrô, e em várias regiões das cidades do ABC, interior de São Paulo e Grande Curitiba, os trabalhadores vão informar que, na Alemanha, sede da empresa, os funcionários foram liberados para acompanhar os jogos. No Brasil, a linha de montagem vai operar normalmente durante a estréia do time brasileiro na competição mundial.

A Volks informou que não houve acordo de compensação de horas para a dispensa nas fábricas do ABC e do Paraná. Segundo o coordenador da Comissão de Fábrica em São Bernardo, Francisco Duarte de Lima, a recusa ocorreu porque a empresa queria que os 12 mil funcionários trabalhassem no sábado para compensar a dispensa. "Pelo horário do jogo, apenas os 4 mil do turno da tarde deveriam ter esquema especial." Ele acredita em alto índice de falta de funcionários nesse turno.

Lima espera que, para o jogo da próxima semana seja possível um acordo com a empresa. Embora não haja uma liberação por parte da Volks, o pessoal que trabalha na montagem final terá acesso aos rádios dos próprios carros em produção para acompanhar a partida.

continua após a publicidade

A distribuição de panfletos, segunda parte da agenda de protestos que começou com uma greve de 24 horas há duas semanas, terá a participação de dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da Força Sindical e de outras categorias. O texto informa os reflexos das demissões, que devem retirar da economia em média R$ 262 milhões por ano em salários.

A Volks não confirma o número de cortes, mas admite que serão milhares e que devem ocorrer até 2008. Na quarta-feira está prevista uma reunião entre sindicalistas e a direção da empresa para discutir o plano de reestruturação no Brasil, que prevê, além dos cortes, economia anual de 25% na folha de pagamentos. A montadora alega queda nas exportações por causa da política cambial.

continua após a publicidade

Na fábrica da General Motors em São José dos Campos (SP), onde a empresa pretende demitir 960 pessoas até o fim de julho, também não houve acordo e os funcionários do turno da tarde não assistirão ao primeiro jogo do time brasileiro na Copa.