Toque de reunir

A conjuntura brasileira, a apenas dezesseis meses da realização de eleições gerais para a escolha do novo presidente da República, pressupõe o aproveitamento de todas as oportunidades surgidas no horizonte dos políticos que alimentam a idéia de riscar trajetórias mais ousadas em seus mapas pessoais.

O governador Roberto Requião é um desses políticos destinados a romper os limites nem tão exíguos de sua própria aldeia e, por isso, anuncia a disposição de viajar aos demais estados a fim de discorrer sobre o projeto ?Para Mudar o Brasil?.

O trabalho feito sob a coordenação do economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, lançado em Brasília, visa marcar a posição do PMDB à vista da sucessão presidencial.

A primeira discussão pública vai ocorrer em Curitiba no dia 12 de setembro, devendo o ciclo estender-se pelas demais capitais. Atento à sabedoria popular que recomenda montar se o cavalo passante está encilhado, ele mesmo tardio diletante do hipismo nas manhãs nevoentas do Cangüiri, Requião não quer faltar a nenhum dos encontros promovidos pela executiva do partido.

Em seu primeiro mandato, puxado pela crise de autoridade que culminou com o afastamento de Collor da presidência, Requião tentou de todas as maneiras fazer ressoar no País um toque de alerta com base em projeto de autoria de Rafael de Almeida Magalhães, ex-governador da então Guanabara e ex-ministro da Previdência do governo Sarney. Não prosperou.

O PMDB, reduzido hoje a dois grupos, um que integra o governo Lula com alguns ministros e o outro, que se mantém independente, insinua-se como uma das alternativas viáveis na campanha de 2006.

Para o grupo independente liderado pelo presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), no qual Requião se inclui, o problema é que o único peemedebista de expressão a aparecer com destaque nas pesquisas eleitorais é o do ex-governador Anthony Garotinho. Personagem de difícil digestão pelo remanescente ainda a bordo do alquebrado partido-ônibus.

Requião é um nacionalista modernizado que, não raro, empolga-se com as teses dos antigos defensores do tratamento de choque a tudo quanto cheira intervenção estrangeira na soberania de um povo.

Seria estimulante e instrutivo avaliar o nível de aceitação desse discurso pela nação ultrajada em seu ideal de conquistar direitos sempre postergados.

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