Todos querem passe livre

É impossível imaginar que alguém seja contra o passe livre para os estudantes. Políticos, empresários, funcionários públicos e policiais militares não devem ter nada contra a instituição da gratuidade para os estudantes nos ônibus municipais. Mesmo assim, todos eles foram alvo da fúria jovem no centro de Curitiba na manhã de ontem.

Tudo porque ainda não foi autorizado o passe livre da forma como querem os jovens incitados a protestar. Os estudantes aguardam por décadas tal medida, mas a pressão sobre a Prefeitura de Curitiba aumentou nos últimos anos coincidência ou não, mais ainda nestes meses que antecedem a disputa política pelo cargo de prefeito.

Os jovens têm todo o direito de reclamar. Não se pode conceber que ainda não haja um estudo completo de impacto econômico sobre a introdução do passe livre integral e para todos os estudantes. Se existe, que ele seja divulgado, explicando motivos que a Prefeitura tenha para autorizar ou negar a criação do benefício. E mesmo que haja uma perda para os cofres públicos, esta se justifica pelo apelo social da medida.

Mas para que ela entre em vigor na sua plenitude, os estudantes terão que colaborar. Instituir o passe livre não é puramente liberar o acesso aos ônibus de qualquer um que se julgue estudante. Serão necessárias regras rígidas, definições claras e a adoção de critérios que não transformem as carteiras de estudante em ?cartões-transporte?. E que as entidades estudantis não virem máquinas de fabricação de carteiras.

É o mesmo caso da meia-entrada em cinemas, teatros e estádios de futebol. Clubes, produtores e empresários majoraram os preços porque há uma enxurrada de carteiras falsas. Os maiores prejudicados são os próprios estudantes, que precisam provar que suas entidades representativas não estão sendo usadas de forma irregular.

Além disso, os jovens precisarão mostrar que não estão sendo usados como massa de manobra de partidos políticos, que na ânsia de tumultuar o cenário eleitoral em Curitiba tenta criar factóides sobre assuntos da maior importância. Passe livre sim, mas sem partidarismo em cima dos estudantes.

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