Se não bastassem as incertezas geradas pelas mudanças na equipe econômica, os mercados locais sofreram a pressão adicional das especulações sobre a inflação americana. O presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), Ben Bernanke, deu a entender que o juro básico nos EUA poderá sofrer novos aumentos, após anunciar hoje o aumento dos juros básicos do país em 0,25 ponto porcentual para 4,75%. Com isso, os juros pagos pelos títulos do Tesouro americano subiram, e os juros futuros passaram a projetar alta maior que na véspera.
Na opinião dos operadores, o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda não convenceu por completo, embora tenha afirmado seu compromisso com a atual política econômica. Outro fator de descontentamento foram as exonerações de quatro importantes integrantes da equipe econômica: o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, o secretário adjunto, José Antonio Gragnani, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, e o presidente do IRB, Marcos Lisboa. "Agora, o que garantirá a confiança do mercado na equipe é a permanência de Henrique Meirelles no Banco Central", comentou um operador.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de juro com vencimento em janeiro de 2008 fechou o pregão viva-voz projetando taxa de 14,966% ao ano, e o pregão eletrônico, 15,07% ante 14,92% na véspera; o de janeiro de 2007 projetou 15,12% no viva-voz e 15,19% no eletrônico, ante 15,15% na segunda-feira.
O Tesouro Nacional cancelou o leilão de NTN-Cs (papéis indexados ao IGP-M) previsto para os dias 30 e 31. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em baixa, com os rumores de que Meirelles poderia deixar o BC. Depois, entrou em terreno positivo, mostrando disposição em assimilar o nome de Mantega na Fazenda. Mas quando Ben Bernanke mostrou toda a sua ortodoxia, Wall Street desabou, arrastando a Bolsa paulista. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 2,55%, fechando na pontuação mínima (36.682).