Taxa de juros do cheque especial atinge 171,5% ao ano

A taxa média de juros cobrada pelos bancos na concessão do cheque especial atingiu 171,5%, ao ano, em janeiro, representando um crescimento de 7,6 pontos percentuais, em relação a dezembro. De acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, esse patamar é o maior desde maio de 1999, quando foram registrados 173,3%, ao ano.

No acumulado do trimestre, a taxa média teve incremento de 13 pontos percentuais, no ano, de 7,6 pontos percentuais, e em doze meses, 11,4 pontos percentuais. O representante do Banco Central aconselhou os tomadores a procurarem financiamentos com taxas mais baratas. “Pessoalmente, evito, ao máximo, modalidade de crédito com taxa alta”, observa.

O crédito pessoal sofreu aumento de 3,5 pontos percentuais na sua taxa média de juros, em janeiro, acumulando, no ano, 95,3%. Já a taxa cobrada na concessão de financiamento de veículos registrou queda de 1,6 ponto percentual, no mês, ficando em 53,9%, ao ano.

Ao comentar, hoje, o desempenho das operações de crédito, em janeiro, Altamir Lopes creditou a subida da taxa média de juros, nessas operações, a elevação dos custos de captação dos recursos, em função da alta dos juros futuros e da inadimplência. A taxa média geral para o crédito ficou em 54%, ao ano, no período, com crescimento de três pontos percentuais, se comparada ao mês anterior. A inadimplência da pessoa física caiu 0,3 ponto percentual, no mês, ficando em 14,5%, ao ano.

O chefe do Depec considera “ainda bastante alta” a taxa de inadimplência, mesmo com todo o conservadorismo do tomador e das instituições financeiras. Segundo ele, a procura por crédito está mais retraída e os bancos estão mais seletivos na concessão. Na sua opinião, é saudável a postura dessas instituições porque estão operando com segurança para o sistema. Mas admite que “parcela significativa” das pessoas físicas está pagando pelos inadimplentes.

Segundo relatório mensal do Banco Central, as empresas pagaram 34,5%, ao ano, de taxa média de juros, em janeiro, para contratar operações de crédito. No mês, a elevação chegou a 3,6 pontos percentuais. As operações para pessoa física sofreram alta bem menor, no período, de 0,8 ponto percentual, mas acumulam, no ano, 82,7%.

A taxa média geral de spread (custo entre a captação e o repasses dos recursos) cobrada pelos bancos teve pequeno incremento mensal 0,4 ponto percentual, acumulando, no ano, 31,5%. O spread para o crédito direcionado as empresas ficou em 14,6%, ao ano, com redução, no mês, de 1,6 ponto percentual. A pessoa física pagou mais 1,4 ponto percentual pelo crédito, em janeiro, chegando a uma taxa anual de 55,9%.

O documento do Banco Central avalia que as operações de crédito, em janeiro, foram influenciadas pela queda sazonal na demanda por recursos, refletindo, ainda, as incertezas no cenário externo e o aumento do custo dos empréstimos. Como resultado, o estoque de crédito do sistema financeiro permaneceu estável, totalizando R$ 377,9 bilhões. A relação dos empréstimos totais com o Produto Interno Bruto (PIB) situou-se em 23,8%, mantendo a trajetória declinante iniciada em junho do ano passado, quando alcançou 26,9%.

Voltar ao topo