Tarso diz que PT precisa de “novas pessoas” para 2.º mandato

O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, acredita que o PT precisará de uma "refundação radical" e necessitará de "novas pessoas" em um eventual segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente. "Queremos um partido com sensibilidade cívica e republicana superior", disse em entrevista publicada nesta segunda-feira (23) no jornal espanhol El Pais. Ele ainda afirmou ao principal jornal espanhol que a "operação limpeza" no PT está em andamento e vai se aprofundar num segundo mandato.

Na entrevista, Tarso acusou a oposição de estar tentando praticar um "golpe político para deslegitimar Lula", afirmou que a imprensa oferece histórias sobre pessoas ligadas ao PT e chamou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de "arrogante".

Diante das críticas de que Lula não conseguiria governar em um segundo mandato, Tarso apontou que, após as eleições, vai tentar realizar negociações com toda a oposição para lançar a reforma política. "Nosso sistema está esgotado", admitiu. Em sua avaliação, uma "concertação" será necessária. "E isso pode começar com um grande acordo para a reforma política, que é uma necessidade de todos, inclusive de Fernando Henrique Cardoso", disse.

Dossiê

Tarso admitiu que o escândalo do dossiê teve um impacto importante no resultado do primeiro turno das eleições. "A conduta de pessoas próxima a Lula foi negativa e provavelmente frustrou a vitória no primeiro turno", disse. Para ele, porém, o segundo turno não será ruim. "Dará mais legitimidade ao presidente eleito, seja Lula ou Alckmin", afirmou. O ministro, porém, criticou a forma pela qual a oposição caracteriza o PT durante a campanha. "O que não se pode é aceitar a campanha de centro-direita dirigida a apresentar o PT como uma organização corrupta", disse. Segundo ele, todos os partidos teriam pessoas envolvidas em corrupção e destacou os esforços do governo para lutar contra os problemas. Tarso ainda elogiou o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, principalmente por ter segurado a inflação.

Tarso contou ainda como Lula estaria "perplexo" com o comportamento da oposição, que teria uma "conduta incendiária". O ministro não economizou críticas contra Fernando Henrique. "Ele (Fernando Henrique Cardoso) é muito arrogante, representa a uma intelectualidade paulista elitista tradicional no Brasil", apontou.

Golpismo

O ministro caracterizou o que ocorre no Brasil de "golpismo". "Não é um golpismo militarista tradicional, mas um golpismo político para que retorne ao primeiro plano do palco político brasileiro a coalizão de centro-direita que dirigiu Fernando Henrique Cardoso. É um golpismo de natureza política, que busca provocar a instabilidade política para afetar a legitimidade do presidente que vai ser eleito.

É uma tentativa de conseguir um terceiro turno. Ou seja, situar a oposição em uma linha ofensiva, artificial, diante de um segundo mandato de Lula", afirmou.

Para ele, trata-se de um "comportamento típico da elite brasileira diante de um movimento popular". "A elite brasileira é implacável com aqueles que querem levar a diante políticas públicas que conduzam a uma redução das diferenças sociais", afirmou, colocando Fernando Henrique como "o porta-voz dessa elite deslocada do poder em 2002 com a eleição de Lula". Em sua avaliação, Fernando Henrique "não se comporta como um ex-presidente". Tarso o acusa de difundir mentiras no exterior e de não aceitar vitória de Lula. Para completar o ministro aponta que o atual governo herdou a corrupção de governos anteriores, inclusive de Fernando Henrique.

Quanto à situação econômica do País, Tarso estimou que o Brasil crescerá 5% em 2007 e a taxas superiores nos anos seguintes. "O segundo mandato impulsionará um maior crescimento econômica e um forte processo de redistribuição de renda e de criação de emprego", completou.

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