O primeiro mandato do presidente Lula foi marcado por alguns escândalos e pela abertura ou ampliação de programas sociais. Mesmo assim, foi um sucesso. Tanto que foi reeleito por larga margem de votos. Este segundo mandato prioriza o desenvolvimento econômico, consubstanciado no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. O ritmo da liberação de recursos para investimentos, entretanto, cresce neste começo de ano tão lentamente que até o secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, reconhece que é pequeno. Afirma que ?queria ter gasto mais dinheiro? nos últimos meses, os primeiros do segundo mandato, mas isso não foi possível em razão da demora na execução das obras.
Entre janeiro e março, os recursos liberados somaram R$ 2,330 bilhões. É um valor 7,1% maior que o liberado no mesmo período de 2006. Os investimentos foram os que menos cresceram. Os gastos com pessoal aumentaram 10,7%; os com custeio e capital, que incluem gastos com a manutenção da máquina administrativa, subiram 9,8%. Se forem considerados os recursos liberados por meio do chamado PPI (Projeto Piloto de Investimentos), que inclui os investimentos prioritários do governo, a execução foi muito baixa: entre janeiro e março receberam apenas R$ 505 milhões dos R$ 11,3 bilhões previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Não há falta de dinheiro, assegura Godoy. O que há é projetos atrasados.
O baixo volume de recursos liberados para investimentos colabora para o aumento do aperto fiscal promovido pelo governo no primeiro trimestre. Foi acumulado um superávit primário (dinheiro reservado para pagar juros da dívida) de R$ 19,190 bilhões, 29% a mais que no mesmo período de 2006. Na prática, repete-se o que aconteceu no primeiro mandato petista. Mais dinheiro para os credores e menos para o desenvolvimento do País. As receitas do governo cresceram impulsionadas pela arrecadação tributária maior. A causa desse aumento foi o dinheiro recebido de empresas em débito com o fisco. Além disso, os dividendos repassados por empresas estatais cresceram 50%, somando R$ 2,1 bilhões. Até abril, o governo tem como meta acumular um superávit primário (para pagar dívidas internas e externas) de R$ 26,6 bilhões. Precisaria, para isso, economizar mais R$ 7,4 bilhões referentes a abril.
Tais números e a lentidão da administração pública brasileira faz com que os economistas fiquem céticos com a economia do País, diz o The Wall Street Journal, o mais importante jornal de economia e finanças do mundo. Para o jornal norte-americano, esses economistas não estão acreditando muito na capacidade do Brasil atacar os problemas estruturais que impedem o País de acelerar seu crescimento econômico, exatamente o objetivo do PAC.
?A economia brasileira, que cresceu a uma taxa de 3,7% em 2006, de acordo com o cálculo revisto do governo, vem ficando há tempos atrás dos demais países da América Latina, e mais ainda de outros mercados emergentes, como a China e a Índia?, ressalta a reportagem. Na matéria, observa que o presidente Lula prometeu políticas para impulsionar o crescimento ao tomar posse em seu segundo mandato, mas foi, até agora, ?prejudicado por atrasos em montar sua equipe e por uma debilitante greve dos controladores de tráfego aéreo?. Segundo o jornal, ?isso o impediu de se concentrar nas reformas previdenciária, trabalhista e tributária, que os investidores aguardavam?. Sobre o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, o The Wall Street Journal diz que ?mesmo as suas modestas propostas para acelerar o crescimento vêm sendo prejudicadas por motivos políticos?. O nosso crescimento está sendo duvidoso e tardio.