O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile afirmou hoje, em São Paulo, que o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, comprometeu-se com os líderes da organização a assentar as 80 mil famílias ligadas ao movimento acampadas em diversos pontos do País, até o fim de 2003.  Stédile não informou se o compromisso foi assumido diretamente por Lula ou por integrantes do comando da equipe dele. “Temos conversado, regularmente, com o novo governo e o compromisso já está assumido e sacramentado”, afirmou.

Apesar da promessa, ele afirmou que as invasões de terra prosseguirão em 2003. “Há um erro, um erro cometido com freqüência, de que existe um núcleo que dirige tudo, e isso cria até uma espécie de paranóia”, disse. “As invasões não podem ser decididas ou contidas pela direção nacional do movimento.” De acordo com Stédile, um dos princípios do MST é que cada acampamento tenha independência.  “Quem define a invasão é a direção local dos acampamentos”, afirmou.

O dirigente nacional do MST avaliou que a onda recente de ocupações foi resultado do período de paralisação ocorrido durante as eleições. Para Stédile, em toda época eleitoral, existe uma diminuição das ações dos movimentos sociais, “inclusive à espera da definição das urnas”. “Essas invasões atuais são conseqüência das tensões locais que estão contidas. Isso faz parte de todo movimento social”, avaliou.

O dirigente nacional descartou a hipótese de estabelecer qualquer prazo para o governo do presidente eleito. “Na solução de problemas sociais, tu não lida com dias de semana, mas com resultados de medidas concretas”, comparou. Stédile disse que existe uma grande expectativa positiva com o novo Executivo federal dentro de todo o MST. Para o dirigente, o governo Lula, assim como o movimento, “é contra o latifúndio” e tomará medidas concretas para realizar a reforma agrária.

Stédile participou hoje do lançamento do livro Relatório Direitos Humanos no Brasil 2002, publicado pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

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