Sócio da Bônus Banval afirma que Marcos Valério tentou comprar corretora

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza tentou comprar a Corretora Bônus Banval, que fez pagamentos do PT ao PL em 2003 e 2004. A informação é do sócio da corretora Breno Fischberg, que, em depoimento hoje à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, afirmou que se reuniu quatro vezes com Valério em 2004 para tratar da venda da Bônus Banval. A negociação não se concretizou. Durante o depoimento, Fischberg entregou uma lista com 124 transferências, no valor de R$ 6,6 milhões, feitas pela corretora para diversas pessoas físicas e jurídicas.

Esses recursos estavam na conta da Natimar, que opera no mercado de ouro e de dólar e que a Polícia Federal (PF) suspeita ser do doleiro Najun Turner. Valério entregou uma relação semelhante em 2005 à CPI e à PF. Só a Erste, empresa do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, teria recebido R$ 1,2 milhão da Bônus Banval, segundo informou o sub-relator de Fundos de Pensão da comissão, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).

"A Natimar autorizou a transferência de recursos movimentados pela Bônus Banval para a empresa do Lúcio Funaro", observou ACM Neto. No depoimento, Fischberg confirmou que é amigo de Funaro, que trabalhou na Bônus Banval. "Ele (Funaro) é meu amigo particular e, em 2002, a Bônus Banval passou por uma crise financeira e ele emprestou-me cerca R$ 800 mil", contou o sócio da corretora.

Os recursos de R$ 6,6 milhões da conta da Natimar na Bônus Banval vieram de empréstimo feito junto ao Banco BMG pela agência de publicidade DNA Propaganda, de Valério. Esses recursos foram distribuídos entre os aliados, principalmente o PL, de acordo com determinação do então secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT, Delúbio Soares. "Não tinha idéia que a Bônus Banval estava sendo usada para abastecer o ‘valerioduto’", afirmou Fischberg. A mulher de Turner, Deusa Maria, e o filho do casal Iuri Flato também receberam recursos da corretora.

No depoimento, Fischberg afirmou que foi apresentado a Valério pelo líder do PP na Câmara, José Janene (PR). Michele Janene, filha do deputado, trabalhou na corretora, em 2003. Janene passou a freqüentar a Bônus Banval e tornou-se amigo dos sócios – Breno e Enivaldo Quadrado. Na época, o então líder governista tomou conhecimento que a corretora enfrentava dificuldades de caixa e apresentou Valério, que se mostrou disposto a comprar a Bônus Banval. Depois de quatro encontros, Valério desistiu de adquirir a corretora, em agosto de 2004, sob a alegação de que os sócios não se interessaram pelo negócio.

Nas cerca de três horas de depoimento, Fischberg não soube explicar o envolvimento da Bônus Banval com perdas em operações feitas para quatro fundos de pensão: Geap – Fundação de Seguridade Social, Fundação Sistel de Seguridade Social, da Serpros Fundo Multipatrocinado, e da Prece – Previdência Complementar. Segundo ACM Neto, foram cerca de R$ 9 milhões de perdas para os quatro fundos.

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