Só entrego a arma por algo em troca

Quase uma unanimidade nacional a campanha do desarmamento quando anunciada. Imediatamente a paranóia coletiva imaginou estar rumando para um mundo isento de tiros, violências e de balas perdidas (tipo: área livre da febre aftosa…). Baseadas nisto, quando pessoas vêem imagens de armas sendo destruídas, respiram aliviadas como se estivessem vendo a morte de inimigos terríveis, sem raciocínio lógico: armas sozinhas não agem…. Muitos se adiantaram na entrega do que lhes parecia apenas um incômodo ou uma ameaça dentro de casa. Estes, em sua maioria esmagadora, detinham armas de maneira ocasional como aquelas herdadas de algum parente. Cremos que este grupo inofensivo de bons cidadãos, jamais compraria uma ou praticaria qualquer desatino. Em primeiro momento desta reflexão, o resultado obtido pouco ou nada repercute na questão da diminuição da violência. Remanescem outros grupos de pessoas que resistem em devolver ou vender a arma. Fixemo-nos neste grande contingente e nas hipóteses: devolver por conscientização e/ou dinheiro.

Ninguém tem arma ou adquiriu-a por investimento. No mercado existem melhores opções para investir. Em suma, o valor e apenas o valor da arma, não fará pessoas negociarem. Grupos malfeitores não devolverão por ser instrumento de trabalho, imprescindível e garantidor de bons resultados (assim não fosse, na hora do assalto bastaria a vitima fazer uma proposta de compra da arma…). Estes, inclusive estão felizes com o aumento da probabilidade de vitimas desarmadas. Mas o equivocado sistema insiste e tem esperança nessa proposta de negociação. Vislumbramos nuvens negras em tal horizonte, pois a lógica racional não admite otimismos baratos. Vejamos: se o motivo que levou alguém a adquirir uma arma não foi o dinheiro, jamais por este motivo único abrirá mão dela. Em verdade o governo se olvidou que pessoas de bem adquirem armas por uma sensação de segurança, falsa ou verdadeira, mas esta a inquestionável razão da aquisição!

Para demover estas pessoas, que não foram meras compradoras e assim não serão meras vendedoras, somente algo muito mais convincente, que a insciente, utópica e materialista oferta de compra da arma. Que tal a proposta de uma verdadeira segurança pública em troca?

Elias Mattar Assad é presidente da Associação Paranaense dos Advogados Criminalistas (eliasmattarassad@sulbbs.com.br).

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