Sindicatos entram em campanha por aumento real de salários

Sindicatos e federações filiados à Força Sindical, com cerca de 2,24 milhões de trabalhadores de 17 categorias, lançaram hoje (24) campanha salarial unificada com reivindicação de reajuste salarial de 15% – 6,5% de inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) até outubro e 8% de aumento real. Participam da campanha metalúrgicos de São Paulo, comerciários do Estado de São Paulo, químicos, telefônicos, gráficos e trabalhadores dos setores da alimentação e de papel e papelão.

“Definimos uma proposta padrão para todas as categorias e agora haverá setorialmente a discussão de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e outros benefícios”, explica o presidente da Força Sindical, João Carlos Gonçalves. O pedido de 15% já havia sido apresentado, nas últimas semanas, por metalúrgicos e químicos e, agora, foi estendido às demais categorias.

Assim como os trabalhadores filiados à Força, todos os sindicatos e centrais parecem estar cientes de que o momento econômico atual é bom e há, ainda, uma “certa disposição” dos empresários para negociar reajustes salariais acima da inflação neste segundo semestre. “O desempenho do primeiro semestre foi melhor do que o último do ano passado e, temos certeza, o segundo semestre de 2004 será melhor que o primeiro”, avalia o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior do País, Luiz Marinho.

Os metalúrgicos ligados à CUT também estão em campanha e pedem reajuste de 6,9%, para recomposição de inflação, além de aumento real a ser decidido em negociação. A Confederação Nacional dos Bancários (CNB), da CUT, pede reajuste salarial de 25%, além de pagamento de PLR e outros benefícios. Para os próximos meses, abrirão campanha os cutistas dos Correios, petroleiros, eletricitários, gráficos e químicos, entre outros, e todos com o mesmo discurso de solicitar reajuste salarial acima da inflação.

“Os níveis de salários estão muito baixos e, além disso, é evidente que negociar um reajuste de 7% ou 8%, com uma inflação girando entre 5% e 7%, é muito mais fácil”, explicou o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio -Econômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, em evento da entidade realizado na semana passada.

Levantamento do Dieese indica que 79% dos acordos e convenções coletivas do primeiro semestre obtiveram pelo menos a reposição do INPC: 47% dos acordos superaram a inflação, enquanto 32% ficaram no mesmo nível. “Existe uma disposição do empresariado de realizar negociações melhores quando a economia está em crescimento”, opinou Lúcio.

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