Sigilo do caseiro foi violado em SP por ordem de direção da Caixa

O sigilo da conta do caseiro Francenildo Santos Costa, o "Nildo", na Caixa Econômica Federal (CEF) foi violado a partir de um laptop de São Paulo, no dia 16, às 20h58. Nesse horário, só duas áreas teriam condições de acesso aos dados: a vice-presidência de Tecnologia e a própria presidência da Caixa. O registro dos acessos está gravado no computador central, que funciona numa antiga instalação do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), localizada na Avenida Martin Luther King, em Osasco, na Grande São Paulo. No dia 16 pela manhã, o líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), alardeava para parlamentares que haveria novidades em relação ao caseiro.

Em entrevista à Agência Estado e depois em depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na Polícia Federal (PF), "Nildo" afirmou que Palocci freqüentava a mansão do Lago Sul em Brasília alugada por ex-assessores de Ribeirão Preto, entre 2003 e 2004. Segundo "Nildo", na casa eram feitas reuniões da chamada república de Ribeirão para distribuição de dinheiro e festas com garotas de programa. O ministro sempre insistiu em que jamais esteve na casa.

A pedido de funcionários da própria Caixa, uma fonte alertou a reportagem para a necessidade de a PF ou o Ministério Público (MP) bloquearem esse computador central. A avaliação é que, se a PF tiver acesso ao computador, acabará identificando quem violou a conta do caseiro e definindo de onde partiu a ordem. "Somente alguém de cima poderia ter dado a ordem", disse o interlocutor dos técnicos da Caixa.

Essa mesma fonte disse que o temor entre os funcionários é de que esses registros acabem sendo apagados, já que o arquivo do computador de IBM de Osasco, ainda que seja de proteção, pode ser violado. Um prazo de 15 dias, segundo informação dos técnicos do setor, é mais que suficiente para que os registros sejam adulterados.

Na Caixa, os técnicos avaliam que a ordem partiu da vice-presidência de Tecnologia ou até mesmo da própria presidência do banco. No escalão inferior e técnico, teme-se que os funcionários envolvidos sejam no fim do processo os únicos punidos, os mandantes fiquem impunes.

Eles alertam que é preciso descobrir qual a senha usada para entrar ilegalmente na conta do caseiro. Daí a importância da investigação no banco de dados de Osasco, onde todos os registros de acesso podem ser facilmente identificados.

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