Setor de álcool quer evitar reajustes expressivos nos postos

Os custos de produção e a tecnologia nacionalizada, a safra de cana-de-açúcar em plena colheita e a alta concorrência no setor vão impedir aumentos expressivos do preço do álcool hidratado ao consumidor se a Petrobras reajustar o preço da gasolina. Na opinião de especialistas, o reajuste do álcool deverá ficar restrito ao suficiente para manter a margem de lucro da cadeia, que começa nas destilarias e termina nos postos.

Segundo o diretor da corretora Biogência, Tarcilo Ricardo Rodrigues, o fato de o álcool ser competitivo com o preço de até 70% do da gasolina e ainda o aumento do mercado de veículos flex fuel, que representam 60% das vendas de novos, são parâmetros que ajudam no controle do valor cobrado pelo etanol hidratado nos postos.

"Hoje praticamente quem define a demanda e, conseqüentemente, os preços é o consumidor. O setor (alcooleiro) é refém do consumidor e não será louco de cometer os mesmos erros do passado, com aumentos exagerados ou mesmo desabastecimento", disse Rodrigues.

"O álcool é nacionalizado desde a produção da cana até a tecnologia do carro flex fuel, e os custos de produção caíram em média 2,6% ao ano nos últimos 30 anos. Já o preço do petróleo sobe, em dólar, 2% ao ano no mesmo período", disse o consultor e presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

De acordo com Alísio Vaz, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes, a alta competitividade no setor, com mais de 200 unidades produtoras de álcool só no Centro-Sul do Brasil, e os ganhos tecnológicos, só trazem benefícios ao consumidor do combustível.

"A distribuidora que sai na frente com aumentos do preço do álcool tem uma dose de risco de ficar fora do mercado. E qualquer mercado competitivo como esse é bom para o consumidor", avaliou Vaz.

De acordo com Rodrigues, o único fator negativo é a volatilidade no preço do álcool em virtude de a safra de cana-de-açúcar durar seis meses e o consumo ser durante o ano todo. E, de acordo com ele, o consumo vem crescendo desde a safra passada, com o aumento nas vendas dos flex fuel e a competitividade do etanol ante à gasolina.

No Centro-Sul, principal região produtora e consumidora do Brasil, o consumo médio foi de 1,02 bilhão de litros por mês na safra passada e saltou para 1,1 bilhão de litros na safra 2005/206 iniciada em maio. "Até o fim da safra a demanda será de 1,2 bilhão de litros por mês", aposta o diretor da Bioagência.

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