Brasília (AE) – Os senadores petistas esperam que o deputado José Dirceu (PT-SP) desista de disputar uma vaga no Diretório Nacional do partido. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) chegou a fazer hoje (29) um apelo público para que Dirceu se desligue da chapa do Campo Majoritário inscrita para as eleições internas marcadas no dia 18. A saída de Dirceu deve ser consumada na sexta-feira (2), durante reunião do Campo, afirmou a vice-líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).
"A tendência é que ele se afaste", afirmou Ideli. "Eu já disse pessoalmente a ele, quando pediu minha opinião, que faça isso." A saída de Tarso abre espaço para que Dirceu siga o mesmo caminho, explicou Ideli. "O problema é que a discussão sobre a chapa foi feita pela imprensa e não só internamente. Aí sim haveria uma chance de acordo."
O afastamento do ex-chefe da Casa Civil facilitará a pacificação interna do PT, argumenta Suplicy. "Faço essa recomendação a Dirceu. Seria um gesto de grandeza e generosidade do deputado, que assim poderia ainda se dedicar exclusivamente à sua defesa." Dirceu enfrenta ameaça de cassação na Câmara. Suplicy foi excluído da chapa do Campo em maio porque apoiou a criação da CPI dos Correios, contrariando orientação da bancada do PT. Hoje atua de forma independente e apóia a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, do Fórum Socialista, à presidência do PT.
Para o senador, a saída de Dirceu poderia ajudar o PT a eventualmente construir uma candidatura única para o comando do PT. "A candidatura única não é uma necessidade, mas quem sabe pode haver um entendimento entre todos os candidatos, com a participação do presidente interino, Tarso Genro", disse Suplicy. "Havia a possibilidade de acordo com Dirceu, mas a forma como a discussão foi conduzida, o ultimato para que ele deixasse a chapa, impediu que as conversas avançassem", afirmou Ideli, que é ligada ao Campo.
Ela diz não saber se o grupo vai substituir outros nomes da chapa, mas não descarta a hipótese. O Campo abriga pelo menos outros sete parlamentares e dirigentes envolvidos nas denúncias de caixa 2, entre eles o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP) e Professor Luizinho (SP). Ideli se preocupa mais hoje com o desempenho do Campo e do substituto de Tarso na disputa, Ricardo Berzoini. Até agora, o grupo praticamente não fez campanha para as eleições internas.