Seminário em Mauá da Serra discute manejo conservacionista

O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, participou da quarta edição dos Seminários ?Conservação de Solos e Água no Paraná?, nesta quinta-feira, em Mauá da Serra, no norte do estado, que reuniu 300 pessoas, entre técnicos do setor agropecuário, lideranças e produtores das regiões de Apucarana, Londrina e Ivaiporã.

Pessuti destacou a importância de reunir pessoas interessadas em rediscutir a conservação do solo. ?A geada de 1975 mudou o perfil da agricultura do Paraná. Com as técnicas e conhecimentos disponíveis na época, vieram máquinas e equipamentos que exauriram o solo, possibilitando erosões?, lembrou.

Segundo o vice-governador , através dos anos foi necessário iniciar os debates entre agricultores e técnicos da Secretaria, Emater e Iapar com o objetivo de aperfeiçoar técnicas de conservação de solos. ?Assim, restauramos áreas degradadas, possibilitando essa agricultura forte que temos?.

Pessuti criticou o descuido de alguns produtores quanto à preservação dos recursos naturais através do manejo conservacionista. ?Hoje, como secretário da Agricultura, tenho observado que muitos proprietários não cuidam mais do solo, perdendo renda, produção e produtividade. Por isso, novamente, vamos colocar um alerta para todos que dependem da terra e que irão nos suceder?, afirmou.

No evento, foi destacado o dever social de Governo do Estado, universidades, prefeituras e comissões municipais no que se refere à preservação do meio ambiente. ?Não podemos dissociar a proteção da produção. A produção bem conduzida não agride o meio ambiente. Mas, sim, contribui para sua sustentação. É uma questão de bom senso. Podemos implantar reservas legais e conduzir uma agropecuária eficiente?.

Pioneirismo

A primeira experiência em grupo com o plantio direto ocorreu, na década de 1970, no município de Mauá da Serra. Tudo começou com a iniciativa de 40 agricultores da comunidade japonesa local. ?Portanto, podemos afirmar que nasceu aqui o trabalho de conservação de solos, água e ar integrado, que é o resultado final proporcionado pelo plantio direto?, disse o produtor Herbert Arnold Bartz, pioneiro no plantio direto.

Ele lembra que o primeiro contato com a técnica se deu através de uma publicação inglesa de 1972. No ano seguinte, Bartz foi à Inglaterra e importou o primeiro trator Rotocaster do Brasil. ?Agricultores vinham de todas regiões para ver a máquina trabalhando em minha propriedade, em Rolândia?, lembrou. A partir de então, a técnica expandiu-se. Em 1972, eram 240 hectares com plantio direto. Vinte anos depois, já eram um milhão de hectares. A estimativa atual é de que, no País, a prática seja desenvolvida em 24 milhões de hectares.

Segundo Bartz, a técnica também foi adotada em outros países. ?Há, aproximadamente, 95 milhões de hectares de plantio direto em todo o mundo. Isto equivale a 5% do total de área disponível para agricultura. O que sugere um grande trabalho em conservação para gerações futuras?.

Desafio

O produtor Cândido Uemura é um dos representantes da comunidade japonesa de Mauá da Serra. Ele lembra que chegou no município em 1957. No local, os recém-chegados encontraram uma área devastada onde, antes, existiam araucárias e matas exuberantes. Após várias tentativas de plantar batata e arroz, a comunidade decidiu iniciar o cultivo de soja e trigo. Isto, no final dos anos 60.

Segundo ele, o ano de 1970 jamais vai ser esquecido. ?Após uma grande seca, a chuva veio com força e levou as lavouras?, lembrou. Decidido a nunca mais ter tamanho prejuízo, em 1973, um grupo de produtores foi a Rolândia. O objetivo era conhecer a máquina inglesa de plantio direto, importada pelo senhor Bartz.

No ano seguinte, outras máquinas foram importadas pela comunidade japonesa de Mauá da Serra. ?Eram rústicas e muito pesadas?, contou. Para Uemura, desde então, o processo foi irreversível. ?Se não fosse o plantio direto, não teria mais agricultura por aqui?, disse.

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