São Paulo (AE) – O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil descobriram um esquema de extorsão, ameaças e lesão corporal comandado por líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto da Região Central (MTST-RC) de São Paulo. Os cinco nomes principais da entidade são acusados de vender os apartamentos invadidos e de cobrar mensalidades abusivas de 64 moradores do edifício 163, da Rua Conde de São Joaquim, na Liberdade. Quem não pagava o valor apanhava ou era ameaçado de morte. Três pessoas foram presas e duas estão sendo procuradas pela polícia.

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O líder do movimento, Hamilton Silvio de Souza, de 43 anos, ex-candidato a vereador pelo PT e ex-assessor de gabinete do vereador José Américo (PT), que ocupou os cargos de secretário do Abastecimento e de Comunicação, é acusado de ser o principal mandante do esquema.

Souza, o filho José Silvio Marlus Pessoa de Souza, de 20 anos, a nora Viviane Cristina Almeida Souza, de 20, Ângelo da Silva Conceição, o Gel, e o braço direito do líder, José Ronei Silva Santos, de 34, tiveram prisão temporária decretada por cinco dias por formação de quadrilha, extorsão, ameaça e lesão corporal. Souza e Santos estão foragidos.

Após dois meses de investigação, o promotor Christiano Jorge dos Santos, do Grupo de Atuação Especial de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), afirmou que os acusados usavam o movimento social apenas como fachada para a obtenção de lucro.

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De acordo com o promotor, os líderes já são donos de imóveis e mesmo assim cooptavam famílias de baixa renda para invadir edifícios, extorquindo-as depois com a cobrança das mensalidades, de até R$ 50.

O dinheiro, segundo os acusados, seria destinado ao pagamento de dois porteiros, cujas despesas não ultrapassavam R$ 600.

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As ocupações eram feitas por invasores veteranos, que depois cediam espaço para os sem-teto novatos. Documentos apreendidos no inquérito policial comprovam a venda ilegal de pelo menos um apartamento e a cobrança irregular das mensalidades.

O vereador José Américo explicou que foi Souza quem pediu para se afastar do gabinete e que os dois só têm ligação política. Ouvido pelo Ministério Público no mês passado, o vereador disse que não tinha conhecimento sobre o caso. Para ele, o problema também pode ser por disputa da liderança do movimento.