Sem terra e sem teto resolveriam seus problemas trabalhando

Após uma manhã de caos, onde muitos cidadãos não conseguiram chegar aos seus compromissos em razão de um movimento dos sem teto, que interditou por horas algumas das principais rodovias que dão acesso à cidade de São Paulo, começo a questionar a validade dessas organizações que, explorando alguns miseráveis chamados antigamente de ?buchas de canhão?, tentam desestabilizar a sociedade. Outra possibilidade seria a de que, ?elementos infiltrados? nestes grupos, estariam ?marqueteiramente? propondo essas ações para definitivamente acabarem com o movimento dos sem terra e dos sem teto.

Nós brasileiros sempre fomos um povo pacífico e trabalhador. Somos todos filhos e netos de imigrantes que vieram para o País em busca de melhoria de vida e crescimento. A maioria conseguiu atingir tais objetivos, principalmente os que trabalharam muito. Sorte, alguns tiveram, mas a maioria quanto mais trabalhou, mais sorte teve. Sei que problemas sociais existem em todo o mundo, mas querer que o Estado e a sociedade resolvam esse conflito da forma mais paternalista possível, que é a doação de terras ou moradia, não vai levar aquela parcela da população a lugar nenhum. O ser humano só valoriza o que tem se teve de lutar ? e muito ? para consegui-lo. Trabalhar cansa, eu sei, pois trabalho há muitos anos; estudar também cansa, eu sei, porque estudei por muito tempo; e trabalhar e estudar ao mesmo tempo, então, cansa mais ainda, mas de forma nenhuma isso me matou, pelo contrário, só me engrandeceu.

O que pretendem os movimentos com essas manifestações de ?poder?? Incomodar o cidadão que não tem nada a ver com o problema, cidadão este que trabalha, paga seus impostos e, de certa maneira, está levando sua vida com dignidade, pois com certeza se esforçou para fazer jus à sua casa, seu carro, seu emprego e suas responsabilidades? Aí vem este grupo de baderneiros, sob o cabresto de ideologias ultrapassadas, interferir no sagrado direito de ir e vir, atrapalhando a vida de todos, impedindo que muitos trabalhadores cumpram com suas obrigações, só porque um bando de preguiçosos e fracassados, querem morar de graça e receber terras que não lhe pertencem e que possam, num passe de mágica, serem vendidas assim que receberem os seus títulos de propriedade.

Acho que o nosso governo que, um dia já foi de esquerda, deveria enquadrar estes movimentos de forma enérgica, pois senão daqui a pouco, estes facínoras não irão só quebrar o Congresso como há pouco tempo fizeram, mas também acabarão com toda a nossa estrutura agrícola e com o País.

Sylvia Romano é advogada trabalhista, em São Paulo.

Voltar ao topo