Na Grande Curitiba

Vizinhos ligaram 8 vezes pra PM pra impedir morte, mas viatura só chegou depois do crime

Daniela Eduarda Alves foi assassinada pelo marido no dia 14 de janeiro. Foto: Reprodução/Facebook

Gravações telefônicas divulgadas quinta-feira (14) pela RPCTV mostram que vizinhos acionaram a Polícia Militar (PM) oito vezes antes de uma mulher ser assassinada pelo marido durante uma briga de casal. Daniela Eduarda Alves foi morta a facadas pelo marido Emerson Bezerra em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), na madrugada do dia 14 de janeiro. Os áudios em que os vizinhos acionaram a PM foram anexados ao inquérito que investiga a morte.

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A briga começou por volta das 23h. A primeira ligação para a PM foi perto de 1h. De acordo com o atestado de óbito, Daniela foi morta à 1h40, ou seja, 40 minutos após a polícia ser acionada. Entretanto, a viatura só chegou ao local às 2h20, depois que o padrasto de Emerson ligou mais uma vez à PM, desta vez avisando que o assassinato já havia acontecido e que o enteado estava em sua casa com sangue da mulher pelo corpo. “Meu enteado está aqui na minha casa, ele diz que matou a esposa dele lá na Fazenda Rio Grande. Ele está todo ensanguentado”, relata o padrasto na última ligação.

De acordo com os áudios, os vizinhos deixaram claro para a PM que a briga era grave, que havia uma criança na residência e que a mulher estava pedindo socorro porque corria risco de morte. “Tem um homem, um vizinho que está batendo muito na mulher. Eu acho que até matou”, relata uma vizinha em uma das ligações. “O cara tá matando a mulher e ninguém veio até agora”, diz uma testemunha em outra ligação.

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Questionada, o comando da PM reiterou em nota o que o policial que atendeu as ligações disse: que a viatura da região estava em atendimento a outras ocorrências naquele momento. A PM também afirma que uma equipe foi até o local assim que foi liberada e que, após a denúncia do padrasto de Emerson, ele foi localizado na casa da família dele e prendeu o marido.

“A nota diz ainda que, por reconhecer a complexidade dos fatos, a PM começou uma apuração sobre o caso. Emerson Bezerra está preso desde o dia 14. A defesa dele afirma que ele é réu confesso, mas que o caso não se trata de feminicídio – o que será provado ao longo do processo.

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Confira os trechos das ligações:

A primeira ligação.

Denunciante: Boa noite. É que está tendo uma briga, não sei se é um casal. A mulher está gritando ‘socorro’ aqui na rua.

Policial: Está registrado senhora. É só aguardar o atendimento, tá bom?

Outros vizinhos ligam e dão mais detalhes sobre a situação.

Denunciante: O vizinho aqui da minha casa tá espancando a mulher dele e tem uma criança pequena junto. Acredito que ele tá espancando a criança também

Policial: Nome da rua?

Denunciante: São Simeão.

Policial: São Simeão? Já tem um pedido pro local aí. Vou cadastrar e pedir averiguação, tá bom?

Os vizinhos insistem…

Denunciante: Eu acabei de ligar pedindo uma viatura aqui pra nossa rua, que tem um homem, um vizinho que tá batendo muito na mulher. Eu acho que até já matou.

Policial: Rua São Simeão.

Denunciante: Isso.

Policial: É só aguardar a disponibilidade aí.

Os vizinhos vão ficando cada vez mais desesperados.

Policial: Polícia Militar, emergência

Denunciante: Oi. É a segunda vez que eu liguei pra vir uma viatura aqui na nossa rua e não veio até agora e tá muito feio o negócio aqui, moço.

Policial: Já tá sendo encaminhado o atendimento aí.

Denunciante: Meu Deus, mas por que demora tanto?

Policial: Porque a viatura tá dando atendimento a uma outra ocorrência. Tem que esperar liberar pra atender essa, né? Infelizmente é muita gente pedindo atendimento da viatura aí.

Até que o padrasto liga avisando sobre a confissão de Emerson.

Policial: Boa noite, qual a emergência?

Padrasto: Meu enteado tá aqui na minha casa, ele disse que matou a esposa na Fazenda Rio Grande.

Policial: Ele falou que matou a esposa?

Padrasto: Isso. Ele tá todo ensanguentado, eu liguei pros parentes dela e eles vão lá ver.

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