Inacreditável!

Três pessoas morrem em ação de gangue contra comboio de carros-fortes na BR-376

“Foi tiro para todos os lados, nunca ouvi tanto disparo assim na vida”, definiu um dos caminhoneiros, que presenciou o ataque fracassado de bandidos a cinco carros-fortes no quilômetro 335 da BR-376, em Palmeira, nos Campos Gerais, no Paraná. A ação, que aconteceu por volta das 9h desta terça-feira (6), deixou pelo três pessoas mortas, entre elas um vereador da cidade de Barra do Jacaré, no Norte paranaense, um caminhoneiro e um suspeito de participar da tentativa de assalto.

Um carro-forte tombou na rodovia. Foto: Gerson Klaina
Um carro-forte tombou na rodovia. Foto: Gerson Klaina.

O ataque foi bem planejado, conforme avaliaram os policiais que estiveram no local. Além disso, para a polícia, os bandidos sabiam o trajeto dos carros-fortes e tinham conhecimento até mesmo do horário em que os veículos carregados passariam pelo trecho da rodovia.

Os assaltantes bloquearam a estrada e fizeram com que os veículos parassem. “Eles agiram como se fossem funcionários da concessionaria. Não só os carros-fortes pararam, mas todos os outros motoristas”, contou um dos motoristas, de 61 anos, que presenciou a ação, mas não quis se identificar.

Segundo o homem, por muito pouco o veículo que ele estava não foi atingido no ataque. “O comboio dos carros-fortes passou pela gente, mas como tinham o dispositivo que permite passar direto no pedágio, não precisaram parar. Nisso, em questão de minutos, ouvimos os disparos e vimos que os bandidos tinham atravessado um caminhão na pista para dificultar a chegada da polícia”, contou ele, que trabalha como encarregado de obras em Ponta Grossa.

Intenso confronto

As testemunhas contaram que, como os bandidos simularam ser funcionários da empresa, no momento do ataque os criminosos fizeram com que o trânsito parasse. O grupo abordou os veículos blindados e, fortemente armados, trocou tiros com os vigilantes, que abriram fogo contra os bandidos. “Além dos cinco carros-fortes, um sexto veículo, de outra empresa de transporte de valores, também os acompanhava e o motorista chegou a invadir uma chácara ao lado, para fugir da ação”, completou um caminhoneiro, que viu tudo acontecer, mas também ficou com medo de revelar seu nome.

Armas e munições apreendidas após a tentativa de roubo. Foto: Atila Alberti
Armas e munições apreendidas após ação dos bandidos. Foto: Atila Alberti

No confronto, algumas pessoas, que passavam pelo trecho no momento da abordagem dos bandidos, acabaram atingidas. Um dos carros-fortes tentou fugir da ação dos bandidos e acabou tombando, enquanto outro veículo bateu na lateral de um caminhão e o tiroteio continuou.

Dentro de um caminhão, que ficou preso ao carro-forte, o motorista, que tinha 41 anos, não conseguiu escapar e morreu baleado na cabine do veículo.

Já em outro carro, seguiam os vereadores Elton Alexandre Aguiar Matta (PV), Miguel Calixto (PSD) e Edival do Nascimento (PR). O carro foi atingido pelos disparos no confronto e Elton não resistiu ao ser atingido. Miguel foi socorrido em estado grave e encaminhado ao hospital, já Edival não se feriu. Além disso, outro caminhoneiro também teria se ferido e foi socorrido em estado grave.

Segundo informações divulgadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) no fim da tarde desta terça-feira, um suspeito também morreu após entrar em confronto com a polícia, poucos quilômetros de distância do local onde aconteceu a tentativa de roubo.

Os dois presos foram encaminhados ao Cope, em Curitiba. Foto: Divulgação/PRF.
Os dois presos foram encaminhados ao Cope, em Curitiba. Foto: Divulgação/PRF.

Prisões e buscas

Na ação, dois bandidos foram presos. Com um deles, os policiais rodoviários federais conseguiram apreender uma pistola calibre 9 milímetros. Outros dois assaltantes baleados conseguiram escapar.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), mesmo feridos eles fugiram correndo e se esconderam numa área de mata. A polícia fez buscas, inclusive com o helicóptero da Polícia Militar (PM), mas os dois não foram achados.

Na hora da fuga, os criminosos abandonaram pelo menos dois veículos, um deles com armamento pesado e munições. De acordo com a PRF, entre as armas apreendidas após a tentativa de assalto estão duas metralhadoras calibre .50 e  três fuzis calibre 556, além de pistolas.

“Estavam preparados, com um armamento compatível com a ação que planejaram. Eles só não contavam com a coragem dos vigilantes, mas portavam até mesmo explosivos”, disse o tenente-coronel Hudson, do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

Carro abandonado pelos bandidos tinha forte armamento. Foto: Gerson Klaina
Carro abandonado pelos bandidos tinha forte armamento. Foto: Gerson Klaina

Ação frustrada

Apesar de toda a ação cinematográfica que foi armada pelo bando, eles saíram com as mãos abanando, já que não conseguiram pegar os malotes dos veículos blindados. “Não levaram nada. Mas, infelizmente, pessoas que não tinham nada a ver com a situação ficaram feridas e morreram. Nós fizemos o que nós pudemos, trouxemos todo o aparato possível para o local e foi utilizado para tentar encontrar esses marginais”, considerou o tenente-coronel.

Rodovia bloqueada

Por causa da ação, os dois sentidos da rodovia foram bloqueados pela polícia para facilitar no trabalho da perícia e evitar que curiosos provocassem acidentes.
As filas, em ambos os sentidos, passaram de 15 quilômetros. No sentido a Curitiba, a rodovia foi liberada por volta das 14h.

Já no sentido a Ponta Grossa, uma das pistas foi liberada por volta das 15h45. De acordo com a PRF, a pista foi totalmente liberada por volta das 17h.

Os motoristas que acompanharam pelo menos parte da ação elogiaram a atitude dos vigilantes da empresa de transporte de valores. “Nós vimos o comboio passando pela gente lá em Curitiba e nos chamou a atenção. Certamente chamaria a atenção dos bandidos também, principalmente se já esperavam por isso. Mas eles tiveram sangue frio e conseguiram agir com maturidade”, destacou o encarregado de obras entrevistado pela Tribuna do Paraná.

A dupla presa foi encaminhada ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, em Curitiba, que é o responsável pelas investigações do ataque. Os veículos abandonados pelos bandidos foram apreendidos e também devem ser levados para a delegacia. Além das equipes da PM, da PRF e da Polícia Civil, policiais do Instituto de Criminalística e do Instituto de Identificação fizeram a perícia no local da emboscada.

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