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Seis PMs presos suspeitos de integrar quadrilha que movimentava milhões com o tráfico na Grande Curitiba

Seis policiais militares e outras 14 pessoas foram presas numa operação dupla da Polícia Militar (PM), nesta terça-feira (12), que descobriu uma grande movimentação de tráfico de drogas numa única rua do bairro Guarani, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Segundo o que foi descoberto pela própria PM, o grupo agia há pelo menos um ano e o lucro dos bandidos era de aproximadamente R$ 7 milhões ao ano.

O tenente-coronel Sergio Augusto Ramos, comandante do 22º Batalhão da PM, explicou que a própria Corregedoria Geral (Coger) da corporação foi quem começou as investigações, há um ano. “Descobrimos que a Rua José Maria da Silva Paranhos era a que centralizava e mobilizava toda a movimentação de drogas. Como o bairro é próximo de Curitiba, os usuários eram praticamente todos da capital, que iam até o bairro para comprar as drogas”.

Os policiais militares, conforme informou o coronel, estavam envolvidos com extorsão de traficantes. “E também tinham àqueles que vendiam armas. Reforçamos que, dos seis presos, cinco já estavam afastados porque respondiam a processos internos, por questão disciplinar ou até mesmo outros crimes no passado”, explicou o PM, destacando ainda que não houve registro de que os policiais presos traficavam drogas. “Não tivemos nenhuma informação ou comprovação de policiais que tenham traficado”.

Os presos foram apresentados na manhã desta terça-feira, em Colombo. Foto: Gerson Klaina.
Os presos foram apresentados na manhã desta terça-feira, em Colombo. Foto: Gerson Klaina.

Rua do Tráfico

Em um ano de investigação, a PM descobriu que a quadrilha de traficantes era extremamente organizada e funcionava como uma empresa. “A rua, por exemplo, era dividida em três pontos principais: um que era destinado à venda de maconha, outro cocaína e o terceiro crack. Eles tinham até mesmo escala de serviço e havia grande utilização de menores para o tráfico”, detalhou o tenente-coronel.

Funcionando no mesmo esquema de uma empresa, até mesmo quando algum integrante do grupo era preso, os traficantes logo agiam para substituir essa pessoa e não ter ‘desfalque na equipe’. “E foi por isso, por serem bem organizados, que nosso foco foi praticamente em cima dos traficantes, os responsáveis pela cadeia do tráfico, que foram presos”.

Durante a ação desta terça-feira, as equipes da PM apreenderam R$ 48 mil em dinheiro. O que foi descoberto é que a movimentação diária, quase chegava aos R$ 20 mil. “Para se ter uma ideia, só num ponto que conseguimos levantar, um dia de venda de drogas gerava lucro de R$ 18 mil”, disse o tenente-coronel da PM, que avaliou que, em durante o ano de investigação, a quadrilha pode ter lucrado quase um prêmio da mega-sena. “Avaliamos que, pelo menos em um ano, eles lucraram R$ 7 milhões”.

Os policiais, conforme informou a PM, agiam somente na extorsão dos traficantes para que pudessem continuar agindo, ou seja, cobravam algum tipo de valor para facilitar o crime. “A quadrilha tinha até olheiros em alguns pontos, que avisavam quando viaturas chegavam, aí os policiais não encontravam nada nos pontos abordados”.

Além dos presos, foram apreendidas armas, drogas, R$ 48 mil em dinheiro e 40 celulares. Foto: Gerson Klaina.
Além dos presos, foram apreendidas armas, drogas, R$ 48 mil em dinheiro e 40 celulares. Foto: Gerson Klaina.

Tráfico e homicídio

Além dos R$ 48 mil apreendidos, os 76 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça e cumpridos não só em Colombo, como também em São José dos Pinhais, na RMC e em Curitiba, onde os investigados moravam, renderam a apreensão de nove armas, mais de quatro quilos de drogas e 40 celulares. “Uma apreensão muito grande de celulares. Isso nos mostra o quanto os aparelhos hoje em dia são usados para facilitar a movimentação do tráfico”, explicou o tenente-coronel da PM.

Dos 20 mandados de prisão, alguns não foram cumpridos porque os alvos não foram encontrados, mas a PM não informou quantas pessoas faltaram ser presas. Entre os detidos, dois eram procurados por homicídio, o que faz com que a polícia suspeite do envolvimento no grupo também em assassinatos.

A operação foi dividida em duas partes: a Visconde do Rio Branco investigava a atuação dos policiais militares e a outra, denominada como Spectrus, a das outras pessoas. Os envolvidos na Spectrus vão responder pelos crimes de tráfico de drogas e outros possíveis crimes que surgiram ao longo das investigações. Já os policiais, vão responder por extorsão e pela venda de armas. Eles vão ser julgados internamente sobre a permanência ou não na corporação.

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